Procuradoria pede prorrogação de inquérito sobre gestão da UFSC

Reitor da universidade chegou a ser preso durante ação e se matou após ser solto

Campos da Universidade Federal de Santa Catarina; instituição é alvo de operação da Polícia Federal
Campos da Universidade Federal de Santa Catarina; instituição é alvo de operação da Polícia Federal - Divulgação
Rubens Valente
Brasília

O Ministério Público Federal em Florianópolis (SC) pediu a prorrogação, por mais 90 dias, do inquérito da Operação Ouvidos Moucos, que investiga supostas irregularidades na gestão da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Ao mesmo tempo, o caso passou das mãos da delegada da Polícia Federal Erika Marena para as do delegado Nelson Napp.

Uma das principais delegadas das primeiras fases da Operação Lava Jato, Erika tomou posse como superintendente da PF em Sergipe. Com a remoção para outro Estado, a delegada deixou a condução do inquérito no último dia 5.

A prorrogação do inquérito foi solicitada à Justiça Federal no último dia 13 --ainda não houve decisão a respeito. Para encerrar o caso, a Procuradoria aguarda a entrega do relatório final da PF, ainda sem prazo para ser concluído.

A PF acreditava que o inquérito seria encerrado até dezembro passado, mas a remoção da delegada para o Sergipe e uma apuração interna da PF que os investigadores tiveram que responder colaboraram para o adiamento do fim.

O inquérito foi aberto em agosto de 2016 a partir de um relatório encaminhado pela CGU (Corregedoria Geral da União), que analisou a aplicação de recursos públicos no curso de ensino à distância de licenciatura em física da UFSC realizado com apoio da Fapeu (Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária).

Em setembro de 2017, a PF deflagrou a Ouvidos Moucos, com acompanhamento da Procuradoria e autorização da Justiça Federal. Um dos presos provisórios foi o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier. Ele era investigado porque assinou uma portaria pela qual atraiu para seu gabinete uma apuração que estava em andamento na Corregedoria da UFSC sobre os mesmos fatos investigados pela Ouvidos Moucos. O corregedor e dois professores disseram à PF que o reitor tentou interferir na investigação.

Cancellier foi solto um dia depois por ordem de outra juíza federal. Ele afirmou em entrevistas na época e por meio de seu advogado que não cometeu ilegalidades ou crimes ao tentar ter acesso à investigação interna nem participou de desvio de recursos. Dias depois, o reitor se matou em um shopping de Florianópolis.

Luiz Carlos Cancellier durante a sua posse como reitor
Luiz Carlos Cancellier durante a sua posse como reitor - Isabelle Araújo - 06.out.2017/ MEC
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