Professores municipais em greve acampam em frente à Câmara de São Paulo

Educadores são contra o projeto que aumenta contribuição previdência dos servidores

Professores passaram a madrugada acampados em frente à Câmara de São Paulo
Professores passaram a madrugada acampados em frente à Câmara de São Paulo - Martha Alves/Folhapress
São Paulo

Em greve, professores e demais profissionais da rede municipal de ensino da capital passaram a madrugada desta quarta-feira (14) acampados em barracas em frente à Câmara Municipal de São Paulo.

Por volta da 0h, ao menos 19 pessoas montaram seis barracas em frente ao prédio para pressionar os vereadores a rejeitarem o projeto de reforma da previdência, que aumenta a contribuição dos servidores municipais.

Segundo os grevistas, mais servidores devem se juntar ao grupo após uma série atos programados para a manhã desta quarta em diferentes pontos da cidade.

Havia a expectativa de que o texto já fosse votado na Câmara nesta quarta (14). Diante disso, funcionários públicos lotaram na terça-feira as galerias da casa e protestaram durante a sessão. A guarda que atua na Casa chegou a ser acionada para tentar expulsar um manifestante. Mas depois do empurra-empurra, o servidor permaneceu na galeria.

A Comissão de Constituição de Justiça da Câmara analisa o texto na quarta e uma audiência pública está marcada para a quinta-feira (15). No mesmo dia, um protesto deve reunir, segundo o Sinpeem, até 70 mil servidores da educação em frente à Câmara.

GREVE

A greve de professores contra o projeto de reforma da previdência ganhou força e, nesta terça-feira (13), quase metade (46%) das 1.500 escolas de administração direta da prefeitura ficaram totalmente paradas.

 Outras 47% tiveram suas atividades parcialmente paralisadas, segundo levantamento da própria secretaria de Educação da gestão João Doria (PSDB). A prefeitura não informou a quantidade de professores em greve. A Educação tem 85 mil servidores, sendo mais de 60 mil professores.

Os profissionais da rede municipal decidiram na quinta-feira (8) cruzar os braços. O texto da reforma, em trâmite na Câmara, prevê a elevação da contribuição previdenciária de 11% para 14%, além da instituição de contribuição suplementar vinculada ao salário do servidor. Assim, o desconto poderá chegar a 18,2%, segundo a prefeitura. A prefeitura defende que, sem a alteração, a sustentabilidade da previdência municipal é inviável.

Um projeto de lei de mudança no sistema fora encaminhado à Câmara pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) em 2015. Após protestos, Haddad retirou o projeto em agosto de 2016, mas o reencaminhou no fim daquele —o último do seu mandato. Doria mandou em dezembro passado um novo texto ao projeto e pretende votar na próxima semana.

Os dados da secretaria de Educação mostram que a adesão à greve cresceu nesta semana. Enquanto 37% das escolas funcionaram normalmente na segunda-feira, essa realidade só foi identificada em 7% das unidades na terça.

Segundo o presidente do Sinpeem (um dos sindicato de professores municipais), o vereador Claudio Fonseca (PPS), a reivindicação é pela retirada do tema da pauta. “Não há porque aumentar a alíquota, o que precisa é ter racionalidade com os recursos. O problema é a má gestão do Iprem [Instituto de Previdência Municipal]”, diz.

A Secretaria de Educação diz lamentar os transtornos causados pela paralisação. “Todas as aulas perdidas serão repostas”, diz em nota.

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