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Rio precisa de R$ 3,1 bi para cobrir rombo na segurança, diz interventor

Governo federal, porém, acenou com a liberação de até R$ 800 milhões

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Rio de Janeiro

O interventor na segurança federal do Rio, general Walter Braga Netto, disse a parlamentares do Rio que a pasta precisa de R$ 3,1 bilhões para pôr as contas em dia. Deste total, R$ 1,6 bilhão referem-se a faturas não pagas entre 2016 e 2017 e o restante, dívidas de 2018.

A informação foi dada em reunião realizada na manhã desta segunda (19) com parlamentares da bancada fluminense. O governo federal, porém, acenou com a liberação de R$ 600 milhões a R$ 800 milhões.

O valor equivale a pouco menos de 10% dos R$ 8,5 bilhões que o governo estadual gastou em 2017 com a área de segurança pública - o valor considera o que foi efetivamente pago durante o ano.

General Braga Netto, na Vila Kennedy, no Rio de Janeiro
General Braga Netto, na Vila Kennedy, no Rio de Janeiro - Folhapress

Segundo os presentes à reunião no Rio, Braga Netto disse que recursos adicionais são importantes para retomar a capacidade operacional das forças policiais do Rio, sucateadas por anos de crise financeira do governo do estado.

Os policiais estão com o 13º salário em atraso e enfrentam falta de veículos, de equipamentos e até de material de escritório. Iniciada no dia 16 de fevereiro, a intervenção federal ainda não trouxe recursos financeiros ao estado.

"Na reunião ficou evidente como o governo Temer agiu com improviso na tomada de decisão pela intervenção, pois não há o dinheiro necessário para pagar as contas mínimas da segurança pública", disse o deputado federal Alessandro Molon (PSB).

À tarde, Braga Netto se reuniu com o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) para discutir prioridades para a destinação dos recursos que serão liberados para a segurança no estado. 

"Esperamos que os valores saiam rapidamente", afirmou, em nota o governador.

Crise

O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado.

Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição.

A falta de estrutura atinge em cheio o moral da tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. Somente neste ano, 27 PMs foram assassinados no estado —foram 134 em 2017.

Policiais, porém, também estão matando mais. Após uma queda de 2007 a 2013, o número de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial está de volta a patamares anteriores à gestão de José Mariano Beltrame na Secretaria de Segurança (2007-2016). Em 2017, 1.124 pessoas foram mortas pela polícia.

Em meio à crise, a política de Unidades de Polícia Pacificadora ruiu —estudo da PM cita 13 confrontos em áreas com UPP em 2011, contra 1.555 em 2016. Nesse vácuo, o número de confrontos entre grupos criminosos aumentou.

Com a escalada nos índices de violência, o presidente Michel Temer (MDB) decretou a intervenção federal na segurança pública do estado, medida que conta com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.

Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto. Ele, na prática, é o chefe das forças de segurança do estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando. Braga Netto trabalha agora em um plano de ação.

Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros estados com patamares ainda piores.

No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, Rio tinha taxa de 30,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, contra 58,1 de Sergipe, 52,3 de Alagoas e 46,7 do Ceará, por exemplo.

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