Sagui deixado no parque Ibirapuera atua como um 'radar' anti febre amarela

Animal apareceu junto com mais dois de sua espécie desde o final do ano passado

Angela Pinho
São Paulo

Abandonado no parque Ibirapuera, um sagui é monitorado pela prefeitura para servir de alerta a uma eventual circulação do vírus da febre amarela no local —o que não ocorre atualmente e pode nunca acontecer.

O animal apareceu junto com mais dois de sua espécie entre o final do ano passado e o começo deste.

Segundo Juliana Summa, diretora de Fauna da Secretaria do Meio Ambiente da cidade de SP, depois que o grupo foi encontrado, a decisão foi mantê-los no parque justamente porque os macacos atuam como uma espécie de sentinela contra doença: em geral, são os primeiros a contrair o vírus, permitindo às autoridades adotar medidas de prevenção para evitar surtos em humanos.

Dos três saguis, um sumiu, outro morreu mas o exame deu negativo para febre amarela—, e o terceiro permanece por ali, saudável, indício de que o vírus não está no local.

Por razões não totalmente conhecidas, os saguis estão entre as espécies mais suscetíveis à febre amarela. Embora nem todos os infectados morram, muitos têm ficado com sequelas neurológicas e paralisia nos membros.

No caso dos bugios, a infecção é ainda mais forte, e eles vão a óbito em menos de três dias. Por esse motivo, a prefeitura suspendeu a soltura de macacos sob sua guarda até segunda ordem. 

Para entender o mecanismo de atuação do vírus, um primatólogo do Instituto Chico Mendes foi chamado a São Paulo.

O zoológico também tomou medidas para reagir ao vírus. Após um sagui ser diagnosticado com a doença em janeiro, o local ficou 51 dias fechado.

Foi reaberto após uma campanha de vacinação dos arredores e depois de o governo estadual concluir que a infecção do macaco no local foi um fato isolado.

No período em que o zoo esteve fechado, foram encontrados outros 13 primatas mortos, mas os exames descartaram febre amarela.

Animais saudáveis de vida livre também tiveram o sangue coletado para os testes, que deram resultado negativo.

Três bugios desse grupo foram integrados ao plantel do zoo como "back up", explica o presidente da instituição, Paulo Bressan. Isso significa que os bichos poderão ser usados para reprodução em caso deameaça de extinção da espécie.

Além disso, telas de proteção costuradas por voluntários da ONG Um Sonho de Bugio foram colocadas para impedir mosquitos nos recintos ocupados por micos-leões e macacos-barrigudos, entre outros. Diante da impossibilidade de instalar telas, 13 bichos que estavam fora de jaulas foram retirados da área de exposição.

A exceção foram orangotangos e chimpanzés, que têm resistência imunológica ao vírus.

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