Seis pessoas são presas após 10 ataques em Fortaleza e outras duas cidades

Crimes ocorreram após a morte de três criminosos pela polícia na madrugada de sábado (24)

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Ribeirão Preto (SP)

Seis pessoas foram presas sob a suspeita de terem participado de ataques a prédios públicos e incêndios a ônibus em Fortaleza entre sábado (24) e domingo (25).

Foram registrados ao menos 10 ataques na capital e em Cascavel e Sobral, também no Ceará —o estado vive uma guerra entre facções criminosas.

Terminal da praça do Santuário Sagrado Coração de Jesus, no centro de Fortaleza, após ataques - Yago Albuquerque/Diário do Nordeste

Cinco dos ataques foram em ônibus, dois em torres de telefonia, um na secretaria regional da prefeitura, num depósito de veículos, e outro num veículo em frente ao 20º DP (Distrito Policial).

Houve ainda disparos de tiros em frente ao 18º Juizado Especial e à Etufor (Empresa de Transportes Urbanos de Fortaleza) e queima de pneus nos bairros Vila Velha e no Quintino Cunha.

Uma das principais linhas de investigação é que o ataque tenha sido ordenado por grupos que questionam o anúncio de instalação de bloqueadores de celular nos presídios do Ceará.

Na noite de quinta-feira (22), um grupo armado tentou incendiar um prédio dos Correios na capital. Os criminosos deixaram um bilhete ameaçando ataques caso os bloqueadores sejam instalados.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, as seis prisões foram efetuadas pela Polícia Militar. Três pessoas foram detidas neste domingo e as outras três, no sábado.

Um dos presos pela polícia cearense portava uma pistola calibre 380 com 13 munições, e a suspeita é que ele tenha participado de ataque a tiros no prédio da Etufor.

Os outros dois estavam em uma moto na avenida Presidente Castelo Branco com uma mochila que transportava garrafas com nove litros de gasolina. Também com o mesmo combustível foram presos outros três homens na noite deste sábado, próximo à praça da Estação e no centro da capital cearense.

Três homens que participaram do ataque à Secretaria de Justiça e Cidadania foram mortos em troca de tiros com policiais militares. Dois deles foram identificados: Francisco José Raniel Barbosa dos Santos, 19, e Davi Lima Pires, 19. Com eles, foram apreendidas armas e uma granada.

Em nota publicada em redes sociais, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), disse repudiar os atos de vandalismo contra todos que precisam do transporte público na capital. 

“Emergencialmente buscamos mobilizar forças para garantir a proteção necessária para os usuários de ônibus. Neste domingo seguimos com a mobilização da Guarda Municipal, além de somar todos os esforços entre os órgãos da prefeitura, governo do estado e organismos do poder judiciário no sentido de garantir os direitos coletivos da nossa população”, disse.

Em Cascavel, um ataque atingiu o depósito de veículos, danificando mais de 50 carros que estavam no local. Já em Sobral, foi registrada uma tentativa de incêndio nos fundos do prédio da coordenadoria de operações policiais.

Os incêndios foram combatidos por equipes do Corpo de Bombeiros. Os ataques serão investigados pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas da Polícia Civil do Ceará.

Devido aos ataques, a Etufor colocou em funcionamento na madrugada um esquema especial para o transporte coletivo de Fortaleza, com veículos em comboios acompanhados pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal. 

O Ceará vive uma guerra de facções. Apenas em duas chacinas em janeiro deste ano, 24 pessoas foram mortas.

Uma das hipóteses é que a facção Guardiões do Estado teria sido responsável pela chacina que deixou 14 mortos na periferia de Fortaleza em janeiro.

Com características distintas de outras com as quais disputa o espaço de tráfico na região, ela tem se notabilizado por cometer crimes com requintes de crueldade.

Além dela, atuam no Ceará Comando Vermelho, PCC, Família do Norte e Amigos dos Amigos.

Nesse cenário, taxistas e motoristas de aplicativos têm rejeitado corridas a lugares considerados perigosos, lojas liberam funcionários mais cedo, postos de combustíveis deixaram de funcionar 24 horas por dia e há bairros onde impera o toque de recolher.

Em 2017, o Ceará teve seis chacinas, a maioria na região metropolitana. No ano, 5.134 pessoas foram assassinadas, alta de mais de 50% em relação a 2016, com 3.407 pessoas assassinadas. 

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