Sem manutenção, piso do parque Trianon vira um 'queijo suíço' a visitantes

Buracos e pedras portuguesas soltas são alvo constante de reclamações no local

Mariana Zylberkan
São Paulo

Duas vezes por semana, quando dá aulas de lian gong (prática corporal chinesa) no parque Trianon, a aposentada Gentil Lourdes Lazaro, 72, inclui uma recomendação aos seus alunos, a maioria deles idosos: “Falo para prestarem atenção onde pisam para não tropeçarem. Já vi muita gente se machucando.”

O perigo, no caso, é o piso do parque, todo revestido por pedras portuguesas, que se transformou em campo minado de buracos devido à falta de manutenção pela gestão do prefeito João Doria (PSDB).

Um dos trechos mais danificados fica bem na entrada que dá acesso à avenida Paulista. A poucos passos do portão o piso está repleto de falhas preenchidas com areia compactada no lugar onde deveriam estar as pedras. O padrão “queijo suíço” continua na ponte que passa sobre a alameda Santos, ponto onde muitos visitantes param para fazer selfies.

A falta do material de revestimento é visível nas poucas partes “remendadas”. Os consertos se mostram ainda mais perigosos pois apresentam desníveis, já que poucas pedras foram salpicadas em meio à areia que toma a maior parte das falhas.

A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, responsável pela gestão do parque, afirmou que iniciou nesta semana a obra de recuperação do piso e prevê que ela seja finalizada neste mês. 

A Folha, no entanto, esteve no parque na tarde de quinta-feira (8) e não encontrou nenhum funcionário trabalhando na obra. Há apenas uma área isolada com uma fita amarela amarrada a árvores e bancos. Um papel escrito “obras” à mão é a única dica de que o conserto estaria sendo realizado.

Procurada, a secretaria da gestão de João Doria não comentou a falta de funcionários. A responsável pela administração do parque também não foi encontrada para comentar a situação precária da estrutura. 
A sensação de abandono é recorrente entre os frequentadores do Trianon. Além de desníveis no piso, há bancos quebrados e interditados com faixas amarelas, além de brinquedos danificados nas duas áreas destinadas às crianças. Em uma delas, um balanço solto foi amarrado à estrutura que o sustenta para evitar acidentes.

Folhas que caem sobre o calçamento do parque não são retiradas com frequência, e o espelho d’água está inativo há muito tempo, segundo a aposentada Vilma Fracari, 71, que vai lá toda semana. “É uma vergonha um parque na avenida Paulista estar abandonado desse jeito. Nos finais de semana, vem tanto estrangeiro que é difícil ouvir alguém falando em português. Deveriam cuidar mais.”

Além da falta de manutenção, a insegurança é outra reclamação dos frequentadores. O contrato com a empresa terceirizada foi renovado em outubro com corte de 9% no número de postos de vigilância.

Antes disso, o Trianon e outros sete parques municipais ficaram quase um ano sem vigilantes por falta de contrato. O acordo da prefeitura com a iniciativa privada havia sido rompido no final da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), por falta de verbas, e só foi renovado quase um ano após a posse de Doria.

Rodrigo Ravena, secretário do Verde e do Meio Ambiente da gestão Haddad, afirmou que a Guarda Civil Metropolitana assumiu a vigilância dos parques durante o período que ficaram sem contratos com a iniciativa privada.

Na tarde de quinta-feira, um segurança particular acompanhava um grupo de alunos de um colégio próximo ao Trianon durante uma aula ao ar livre de ciências. Enquanto o professor de jaleco branco explicava sobre espécimes da mata atlântica, o segurança contratado pela escola os observava.

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