Alckmin entrega estação Oscar Freire do metrô com atraso e incompleta

Um dos acessos à estação só será aberto aos passageiros no segundo semestre

Mariana Zylberkan
São Paulo

Com atraso de oito anos, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) inaugurou pela metade a estação Oscar Freire da linha 4-amarela do metrô na manhã desta quarta-feira (4). Um dos acessos à estação, que receberá cerca de 23 mil pessoas por dia, só será aberto aos passageiros no segundo semestre deste ano.

Segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, uma alteração no solo onde está sendo construído o segundo acesso, na avenida Rebouças, no sentido bairro, atrasou o cronograma da obra. “Por que nós vamos privar a população deste que é o acesso principal?”, respondeu o governador ao ser questionado sobre a inauguração da estação pela metade.

Foto mostra obras em estação Oscar Freira, da linha 4-amarela do metrô, que foi inaugurada nesta quarta-feira (4) pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB)
Estação Oscar Freire, da linha 4-amarela do metrô, ainda em obras; Alckmin inaugurou um dos acessos da plataforma nesta quarta (4) - Diego Padgurschi/Folhapress

Com os 35 metros de profundidade, os passageiros terão que descer mais de quatro lances de escadas rolantes para chegar até a bilheteria, que fica próxima às catracas de acesso às plataformas. Na manhã desta quarta, enquanto o governador visitava a estação, técnicos da linha 4 ainda tentavam arrumar uma das portas no sentido Luz, que estava emperrada.

Em seus últimos dias no cargo, Alckmin também vai inaugurar a estação Moema, da linha 5-lilás, nesta quinta-feira (5) e um trecho da 15-prata do monotrilho na sexta (6). O tucano vai se candidatar à Presidência da República e deixará no governo paulista seu vice, Márcio França (PSB).

O governador culpou a crise econômica pelo atraso na entrega da estação. "Em oito anos, no meio da crise, no meio da recessão, o governo do estado conseguiu passar de 68 quilômetros de metrô chegando ao final deste ano com 102 quilômetros. Passamos de 60 para 89 estações de metrô, quase 50% a mais em oito anos."

TERRENO MOLE

O secretário Pelissioni explicou que o solo onde o segundo acesso está sendo construído se mostrou mais "mole" do que o previsto no projeto original. "Estamos tendo que cavar com mais cuidado. Vamos trabalhar devagar, mas permanente, para entregar o segundo acesso no segundo semestre."

Em vez de atravessar a avenida Rebouças pelo túnel que deveria ligar os dois acessos da estação, os passageiros vão ter que usar a faixa de pedestres. No local, há apenas máquinas pesadas e ainda nenhum sinal de construção do acesso. 

A estação, por enquanto, terá horário restrito, das 10h às 15h, para realização de testes, mas a tarifa dos usuários será cobrada normalmente. Depois de um período de 15 dias, ela passará a funcionar como as demais —de domingo a sexta das 4h40 à 0h, e aos sábados das 4h40 à 1h.

Uma falha de projeto também já havia atrasado as obras da linha 15-prata, o trecho do monotrilho que irá passar pela zona leste da cidade. Técnicos não previram um córrego embaixo da avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Melo. No fim de 2014, a gestão Alckmin decidiu paralisar a obra até que a mudança no projeto fosse feita. 

Localizada no Jardim Paulista (zona oeste), a estação Oscar Freire será a nona da linha 4-amarela, operada pela concessionária ViaQuatro. Primeira da rede metroviária paulista a operada pela iniciativa privada, a linha teve o contrato entre o governo do estado e concessionária assinado em 2006.

previsão inicial era que as operações da primeira parte da linha começassem em 2008 (com seis estações) e as da segunda etapa, que incluía a estação Oscar Freire, em 2010. 

No ano seguinte à assinatura do contrato, no entanto, ocorreu um acidente, que abriu uma cratera na futura estação Pinheiros, matando sete pessoas. O acidente atrasou ainda mais as obras, e o governo do estado parcelou a entrega das estações da primeira fase entre 2010 e 2011. 

Em março de 2012, tiveram início as obras da segunda fase da linha (Higienópolis-Mackenzie, Oscar Freire, Fradique Coutinho, São Paulo-Morumbi e Vila Sônia). O governo achava que, ainda com o estádio do Morumbi cotado para ser a sede paulista na Copa-2014, a linha 4 chegaria até o bairro a tempo do evento.

A primeira estação da segunda etapa da linha amarela, a Fradique Coutinho, porém, foi inaugurada apenas em novembro de 2014. Ainda estão pendentes as estações São Paulo-Morumbi, prevista para o segundo semestre deste ano, e Vila Sônia, para 2019.

Foto mostra entrada de um dos acessos da estação Oscar Freire, da linha 4-amarela, inaugurada ainda em obras pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) nesta quarta (4)
Entrada de um dos acessos da estação Oscar Freire, da linha 4-amarela, inaugurada ainda em obras pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) nesta quarta (4) - Diego Padgurschi/Folhapress
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