Com barricadas de lixo, cracolândia tem novo dia de tensão no centro de SP

Tropa de choque da Guarda Civil foi acionada, mas não houve incidentes graves

Cracolândia volta a registrar tumulto na região central de SP
Cracolândia volta a registrar tumulto na região central de SP - Guilherme Seto/ Folhapress
Guilherme Seto
São Paulo

Usuários de droga derrubaram caçambas, espalharam lixo e atearam fogo em objetos em novo dia de tensão na região da cracolândia, no centro de São Paulo. A Inspetoria de Operações Especiais (tropa de choque da Guarda Civil Metropolitana) foi acionada, mas não houve episódio de violência mais grave.

Segundo relatos de comerciantes, parte dos usuários que estavam na rua Helvetia queriam se dirigir até a avenida Rio Branco, mas foram impedidos por guardas. Diante disso, eles teriam se aborrecido, começado a espalhar lixo e colocar fogo nele.

Os guardas, então, acionaram a tropa de choque, que apareceu munida de escudos. Não foram disparadas balas de borracha nem gás de pimenta, e os usuários desistiram de ir até a avenida Rio Branco.

Em nota, a Guarda Civil Metropolitana afirma que "usuários de drogas atearam fogo em uma caçamba de lixo na rua Helvétia. A ação foi presenciada por guardas da Inspetoria Regional de Operações Especiais (IOPE) que estavam retornando para base, após acompanharem o serviço de zeladoria do local. O princípio de incêndio foi prontamente controlado com apoio do caminhão de limpeza. Não houve feridos."

A maior parte dos comerciantes abaixou as portas por causa da fumaça gerada pelo fogo.

"Hoje foi menos grave que outros dias. A situação aqui está cada vez mais complicada, já chegaram a estourar bomba de gás dentro da minha loja", diz a comerciante Conceição de Maria.

Outros lojistas não quiseram se identificar por medo de represálias. No entanto, confirmaram o clima de conflito crescente na região.

Desde novembro, moradores e trabalhadores relatam lançamentos de bombas pela polícia e ataques com pedras pelos viciados. Usuários e agentes de saúde dizem ter uma espécie de “operação sufoco”, para cansar usuários e fazê-los sair de lá, o que a prefeitura nega. 

Área de uso livre de drogas no centro paulistano, a cracolândia voltou ao foco policial em 21 de maio do ano passado, data de grande operação do governo Geraldo Alckmin (PSDB) destinada a combater o tráfico de drogas na região. À época, o então prefeito João Doria (PSDB) chegou a dizer que aquela cracolândia havia acabado.

Aquela operação policial prendeu traficantes e desobstruiu vias tomadas por uma facção criminosa. Os usuários se pulverizaram pela cidade, o tamanho da cracolândia caiu, mas parte continuou na alameda Cleveland.

Em abril, ao menos quatro lojas foram saqueadas e depredadas por um grupo de usuários de drogas na região. Segundo a PM, essa confusão aconteceu após uma ação da GCM. Usuários também montaram, na ocasião, barricadas com fogueiras.

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