Entenda, em 15 tópicos, os 15 meses da gestão Doria na cidade de São Paulo

Tucano deixará a prefeitura nesta sexta para disputar eleição ao governo de SP

São Paulo

Após 15 meses no cargo e 1.000 dias do final de seu mandato, João Doria (PSDB) deixa a Prefeitura de São Paulo para disputar as eleições ao governo do estado. O vice-prefeito Bruno Covas (PSDB) assume o cargo nesta sexta-feira.

​​​Confira, em 15 tópicos, um resumo da agitada e polêmica gestão do tucano.   

1 - Candidato 

Doria iniciou o mandato com a promessa de cumprir os quatro anos de gestão. Logo em seguida, porém, iniciou campanha para a vaga de candidato do PSDB à Presidência. Como foi derrotado pelo governador Geraldo Alckmin, seu padrinho político, partiu então para a disputa pela vaga de candidato ao governo do estado, o que conquistou com a ajuda de aliados que criaram um discurso de convocação do prefeito para deixar o cargo;

2 - Gari

O prefeito se vestiu de gari no primeiro dia de sua gestão, ao sinalizar que priorizaria a zeladoria da cidade. O programa de limpeza, o Cidade Linda, avançou nas redes sociais do prefeito, mas as ruas seguiram sujas, e praças e parques com mato alto. Essa tem sido uma das principais queixas dos moradores, segundo diferentes pesquisas Datafolha;

3 - Desgaste na Câmara

Com apenas 11 dos 55 vereadores na oposição, Doria teve um início de gestão tranquilo na Câmara, essa sob o comando de seu aliado, Milton Leite (DEM). O desgaste com o Legislativo veio no decorrer da gestão. Vereadores criaram alguns empecilhos para o programa de privatização e congelaram a reforma municipal da previdência. Doria também teve atritos com o Tribunal de Contas do Município, ao acusar o órgão de ultrapassar seus limites ao travar projetos da prefeitura;

 

4 - Agenda pesada

Doria implantou uma agenda de trabalho pesada. Começava muitas vezes antes das 8h e a concluía perto da meia-noite. Implantou até uma multa simbólica para o secretário que chegasse atrasado a reuniões. Tal ritmo trouxe efeitos colaterais, e secretários passaram a reclamar que não conseguiam nem sequer agendar audiências com o prefeito. Nas últimas semanas, foram recorrentes os vídeos em que o prefeito mostra as reuniões de secretariado que avançam quase madrugada adentro. Secretários dizem que ele passou a estendê-las como uma maneira de provar a dedicação à cidade, prestes a deixar o cargo;

5 - Fila da Saúde

Doria iniciou o mandato com uma meta ousada para cumprir em três meses: zerar a fila de quase 300 mil exames na rede de saúde. Um mutirão com a ajuda da rede privada de hospitais deu resultado, e a promessa foi cumprida. Outras filas da saúde, porém, não foram atacadas da mesma forma, como a de cirurgias e de exames mais complexos;

6 - Fila da creche

 Na educação, conseguiu avanços, como no controle da merenda, fim da fila da rede infantil e revisão do programa Leve Leite. Por outro lado, apesar de 27 mil vagas criadas em 15 meses, ficou distante da meta de 65 mil vagas em creches até o final de março;

7 - Cracolândia

 Um dos pontos mais sensíveis foi a cracolândia. Logo no início do mandato foi surpreendido por ação policial do governo do estado que prendeu traficantes e desobstruiu vias no centro de São Paulo que estavam sob o domínio de uma facção criminosa. Com isso, o plano municipal para a área teve de ser antecipado às pressas, o que provocou uma dispersão de usuários. O fluxo de viciados reduziu na região central, mas o problema segue em diferentes pontos da cidade;

8  - Impulsivo

A impulsividade foi uma marca nesses 15 meses. O episódio da farinata foi o mais notório. Sem consultar secretários, anunciou a ideia de distribuir o granulado alimentar a famílias pobres. Diante da repercussão negativa, convocou uma entrevista para consertar o anúncio anterior, mas se complicou ainda mais ao sugerir a farinha na merenda das escolas e distribuí-la à população carente. Teve de recuar de novo e abandonar a proposta;

9 - Doações

Uma novidade da gestão do tucano foi a parceria com o setor privado. Doria passou a pedir doações a empresários de diferentes setores, como banheiro químico e motos para a fiscalização do trânsito. Mas nem tudo vingou ou foi feito de forma transparente. Doações prometidas não se concretizaram, e outras só foram registradas após anúncios do prefeito;

10 - Burocracia x Transparência 

 Na estrutura interna, teve avanços importantes, como a abertura de empresas de baixo risco virtualmente em até 5 dias (prazo médio antes era de 126 dias) e na digitalização de procedimentos municipais, reduzindo custos com papel (hoje 75% dos processos são autuados virtualmente e a expectativa é de 100% até setembro). Por outro lado, houve um esvaziamento da Controladoria e  a gestão enfrentou episódios emblemáticos de corrupção (como cobrança de propina em prefeitura regional) e a queda diretora do Ilume por causa da PPP da iluminação);

11 - Mobilidade

Na mobilidade, Doria pouco avançou na construção de corredores de ônibus, preparou terreno para Bruno Covas lançar o edital dos ônibus ainda neste mês, manteve as ciclovias da cidade (mas sem investir em novas ou na recuperação das antigas) e ampliou a regulamentação dos aplicativos de transporte (apesar do vai-e-vem nas novas regras);

12 - Marginais

Doria cumpriu promessa de campanha e ampliou os limites de velocidades das marginais. A pista expressa, por exemplo, passou de 70 km/h para 90 km/h. Após a medida, o número de mortes cresceu nas vias Tietê e Pinheiros. Mesmo sem apresentar relatórios, a gestão diz que o avanço da mortalidade não tem relação com as novas velocidades;

13 - Moradores de rua

 Por meio de doações de empresários, abriu novos espaços para abrigar moradores de rua. Em sua maioria, são imóveis adaptados por meio de obras também custeadas por empresas para receber quartos coletivos, banheiros, cozinha, lavanderia e espaços de convivência. Alguns foram inaugurados incompletos e às pressas nos últimos meses. Outro programa voltado à população de rua, o Trabalho Novo, se apoiou na parceria com a iniciativa privada para criar vagas de emprego para sem-teto. Até dezembro, 1.600 vagas haviam sido criadas --a meta inicial era de 20 mil vagas no primeiro ano de gestão; 

14 - Aprovação em queda

A popularidade do prefeito caiu ao longo do primeiro ano de gestão, o que coincidiu com sua série de viagens pelo país para alavancar o sonho de disputar a Presidência. Quando completou 12 meses do cargo, 39% dos moradores de São Paulo consideravam a gestão tucana ruim ou péssima –exatamente o mesmo índice de desaprovação de Haddad ao final de seu primeiro ano no comando da cidade, em 2013. Doria ainda tinha 29% de ótimo ou bom e 31% que apontam a gestão como regular, segundo o Datafolha;

15 - Publicidade

Doria em diferentes momentos foi acusado de agir em benefício próprio, como no uso do símbolo do programa Cidade Linda (o que motivou ações judiciais da Promotoria) e quando decretou que seria beneficiado com segurança pessoal paga pela prefeitura mesmo após deixar o cargo (da qual recuou após repercussão negativa). Já na reta final da gestão, apostou suas fichas em um programa de recapeamento de ruas e avenidas da cidade. O Asfalto Novo ganhou espaço em propagandas pagas da prefeitura e seu orçamento, de R$ 550 milhões, é mais do que a expectativa de investimentos nas áreas de saúde (R$ 545 milhões) ou educação (R$ 168 milhões) em 2018;




 

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