Descrição de chapéu USP

Prefeitura bloqueia faixa da marginal para proteger muro de vidro da USP

GCM diz que vai manter equipes de carro e moto na marginal até fim da obra

São Paulo

A Guarda Civil Metropolitana de São Paulo tomou uma medida radical para proteger o muro de vidro da raia olímpica da USP de novos danos.

A corporação interditou uma das faixas rente à marginal Pinheiros, que margeia todo o muro, por quase 12 horas.

O bloqueio feito pelos guardas começou por volta das 22h de quarta-feira (25) e se estendeu até as 9h15 desta quinta (26), de acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

A medida provocou muita lentidão para o paulistano que seguia rumo ao trabalho.

Os transtornos causados na manhã desta quinta no trânsito fizeram a gestão Bruno Covas (PSDB) rever a tática para blindar a estrutura já pronta de novos estragos. 

Os guardas vão seguir de olho no muro de vidro das 22h às 5h até a conclusão da obra, prevista para o fim deste mês. Na madrugada, as equipes da corporação circularão pelo local de carro. Já durante o dia, a ronda será feita por agentes em motocicletas.

Segundo a prefeitura, não haverá barricadas e nem bloqueio de nenhuma faixa na Marginal Pinheiros durante o dia. No entanto, eventuais interdições poderão ser registradas na madrugada.

A prefeitura não informou quantas equipes da GCM serão deslocadas para proteger o muro da raia da USP.

Além dos guardas, um segurança da USP também passou a fazer visitas constantes ao local. No futuro, a região também será monitorada por câmeras.

Tanta vigilância se explica pelo fato de a cerca de vidro ter registrado três danos seguidos em uma semana. Em todos os casos, ainda não se sabe o que provocou a quebradeira.

Dos 2,2 km do muro de alvenaria construído há 21 anos, cerca de 500 metros já foram substituídos por vidros. Cada placa é avaliada em R$ 4.000. Ao fim do projeto, terão sido colocados 1.222 vidros.

ESPECULAÇÕES

Além de vandalismo, as especulações sobre os estragos só se multiplicam: vão de pedras e tiros a trepidações provocadas pelos caminhões que trafegam apenas de madrugada na via ao lado. Há até quem aposte em impacto provocado por pássaros desorientados. Adesivos que lembram urubus foram colados nos vidros como uma forma de orientação para reduzir a mortalidade das aves no entorno.

Até as capivaras em torno da raia são suspeitas. “Está virando rotina e não sabemos o que pode estar causando os danos”, diz José Neto, supervisor da raia.

O muro de vidro foi anunciado pela gestão do então prefeito João Doria (PSDB) em julho do ano passado como uma maneira de revitalizar a região da marginal e “integrar a Cidade Universitária à cidade”.

Desde o início das obras, doadas por 45 empresas à USP ao custo de R$ 15 milhões, foram registrados quebradeiras em oito placas. A primeira ocorrência foi na última quarta (18), logo após a inauguração do primeiro trecho. Em menos de uma semana, seis placas quebradas tinham sido substituídas. Duas partes que já estavam estilhaçadas se somaram à terceira descoberta na madrugada da última terça (24).

Segundo o registro policial, um segurança particular da universidade foi informado sobre a nova ocorrência por volta da 1h. Outro funcionário fazia a ronda na raia olímpica e constatou o vidro rompido. Foi requisitada perícia no local, que só deve ficar pronta em um prazo de até 30 dias.

MANUTENÇÃO

Ainda não está claro quem arcará com as contas de manutenção após o fim das obras, previsto ainda para este mês. Segundo a USP, essa parte do contrato ainda está em negociação —por enquanto, as trocas dos vidros são feitas pelas empresas doadoras.

Com as contas no vermelho, a universidade, portanto, corre o risco de ter que sustentar a manutenção do “presente” dado pela prefeitura.

Em abril do ano passado, a reitoria abriu chamamento público para revitalizar a raia olímpica. O pedido de doações de empresas foi formalizado sob o argumento de que a crise financeira impedia novos investimentos no campus.

Inaugurada em 1973, a raia olímpica teve poucas melhorias desde a realização da 1 Regata Internacional, naquele ano. O chamamento público feito pela reitoria no ano passado previa várias reformas além do muro: dos galpões onde ficam os barcos, da barragem que forma a raia e a instalação de uma pista de corrida na margem.

Sem interessados, a USP prorrogou por três vezes o chamamento público. Apenas a substituição do muro, portanto, foi contemplada devido ao intermédio da prefeitura.

O projeto original previa a substituição do muro por gradis, mas foi alterado após estudo que previu maior poluição sonora e sugeriu substituição de material.

Empresas fornecedoras de estruturas de vidro, esquadrias e acabamentos em geral formaram um pool de doadoras para viabilizar as obras.

A USP afirma que, por enquanto, aguarda o interesse de alguma empresa que se disponha a arcar com os valores da manutenção, após o término da instalação dos vidros.

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