Laudo confirma ligação elétrica irregular em caso de jovem morto no Carnaval

Lucas da Silva foi eletrocutado após encostar em um poste; câmera de segurança é causa provável

São Paulo

Um laudo técnico da Polícia Civil de São Paulo confirmou que havia uma ligação elétrica irregular no caso da morte de um jovem de 22 anos, eletrocutado em fevereiro deste ano.

Lucas Antônio Lacerda da Silva morreu após encostar em um poste na rua da Consolação, durante o pré-Carnaval paulistano. Ele acompanhava o desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, no centro da cidade.

Poste e prédio em rua de São Paulo
Poste na esquina da rua da Consolação com a Mathias Aires, onde o estudante Lucas Antônio Lacerda da Silva foi eletrocutado - Rubens Cavallari/Folhapress

Segundo a Polícia Civil, o laudo do IC (Instituto de Criminalística) apontou que a ligação irregular em uma das câmeras de monitoramento levou à energização do poste e de uma grade de segurança próxima. 

Houve falha no isolamento de componentes elétricos e um fio de uma câmera estava desencapado. As informações sobre o laudo foram divulgadas pela TV Globo. 

​O fio desencapado transformou o poste em um condutor e houve transporte de energia para a grade de proteção. Imagens mostram Lucas encostando na barreira de segurança. 

A perícia necroscópica também confirmou a versão preliminar do IML (Instituto Médico Legal) de que Lucas havia morrido em decorrência de um choque elétrico.

O poste em questão tinha duas câmeras de segurança, instaladas dois dias antes do acidente pela empresa GWA Systems, contratada pela Dream Factory, organizadora do Carnaval de rua da capital paulista.  

Em nota, a Polícia Civil informou que o delegado responsável pelo caso "analisará os documentos e os depoimentos colhidos a fim de individualizar a conduta dos envolvidos para posterior conclusão do inquérito".

A gestão Bruno Covas (PSDB) informou que desconhece o laudo e aguarda a conclusão da investigação. A GWA Systems, que instalou as câmeras, constesta e informou que está realizando uma perícia própria. A Dream Factory, organizadora do carnaval, disse que aguarda a finalização do caso.

À época, a prefeitura afirmou que a instalação dos equipamentos não tinha sido autorizada pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e nem pelo Ilume, departamento de iluminação de São Paulo, responsável pelo poste de iluminação onde foi puxado um fio para ligar as câmeras.

No entanto, o dono da GWA Systems, Arthur José Malvar de Azevedo, afirmou à Folha que teve apenas três dias para montar as câmeras de segurança e que a Secretaria de Prefeituras Regionais e a Dream Factory definiram os locais onde deveriam ser instaladas.

Já prestaram depoimento à polícia os representantes da Dream Factory, da CET e do Ilume. Por enquanto, ninguém foi indiciado pelo crime.

Irregularidades

Em relatório apresentado no fim de fevereiro, o TCM (Tribunal de Contas do Município) afirmou que os esclarecimentos sobre o caso dados pela Prefeitura de São Paulo eram insuficientes. Segundo o órgão, a administração, então comandada por João Doria (PSDB), não cumpriu obrigações técnicas previstas em serviços de engenharia. 

Na resposta enviada pela secretaria de Prefeituras Regionais ao TCM, foi mostrado apenas o contrato de prestação de serviços firmado entre GWA Systems e Dream Factory. "Apesar de afirmar que o padrão técnico utilizado na instalação das câmeras poderia ser extraído do contrato firmado entre a Dream Factory e a GWA Systems Ltda., a análise do referido ajuste não revelou qualquer informação nesse sentido", informou o conselheiro no relatório. 

Na época, o órgão determinou que a prefeitura instaurasse um procedimento para investigar eventuais irregularidades na fiscalização do contrato firmado com a Dream Factory e apontasse os responsáveis.

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