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Menina cadeirante entra em escola de patinação e vira 'borboleta' nas aulas

Amanda, 12, tem paralisia cerebral e na dança aprendeu a se expressar melhor

Amanda, 12, em aula de patinação artística no interior do Rio Grande do Sul
Amanda, 12, em aula de patinação artística no interior do Rio Grande do Sul - Felipe Pacheco - 26.mar.18/ Folhapress
Fernanda Canofre
Porto Alegre

​Mal a cadeira de rodas cor-de-rosa chega à porta da escola de patinação artística, Amanda, 12, já solta um grito que expressa como está feliz. Na pista, as outras meninas a escutam e já se preparam para recebê-la.

Uma traz cartinha com declarações de amizade, outra um desenho da menina dançando na cadeira, outra quer ajudar a empurrá-la durante o ensaio. É assim desde que  Amanda começou a frequentar as aulas de patinação, na metade do ano passado, na gaúcha Santa Rosa, a quase 500 km de Porto Alegre.

Antes dela, a professora Josiane Elise Welke, 32, conta que nunca havia trabalhado com uma criança com deficiência. “Os sorrisos e olhares das outras crianças ao receberem a Amanda foi um momento marcante.”

A patinação artística foi a solução encontrada pela mãe da garota, Milene Tibulo, 42, para que ela continuasse com uma de suas atividades preferidas: dançar. Apaixonada por música, no balé Amanda aprendeu a se expressar melhor e ganhou qualidade de vida. A descoberta foi feita por uma equipe médica do Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília.

Quando a família voltou a morar em Santa Rosa, Milene tentou buscar aulas de dança para a filha, mas sem sucesso. Foi uma professora da escola que sugeriu a patinação.

“No balé iam empurrando a cadeira e tal, mas, com a patinação, vinha vento no rosto dela. Era como estar em um balanço. Foi maravilhoso. Ela ria muito”, diz a mãe.

Nascida prematura, com sete meses e meio, Amanda teve paralisia cerebral por falta de oxigenação no parto. Um coágulo no cérebro afetou a parte da fala e o sistema motor.

A mãe diz que tinha receio como as outras crianças encarariam a filha. Mas se surpreendeu. Desde o começo, as meninas, que têm de 5 a 10 anos, faziam perguntas para entender Amanda, ajudavam a limpar a boca dela e queriam brincar na cadeira.

Já na primeira aula, Amanda foi levada para o meio da pista. Em todo começo de aula, ela reapresenta a turma para a menina. “Todo esse lado da humanização e da empatia eu friso muito com elas, porque o esporte é isso. A Amanda ganha, as crianças ganham, eu como técnica ganho também.”

Milene diz não ver limites. “Pra mim, ela é como uma borboleta. Como se antes da patinação estivesse trancada num casulo e, quando andou [pela pista], voou, voou.”

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