Descrição de chapéu obituário

Mortes: A idosa que pulava corda com os netos em Monte Alto, em SP

Joana criou com o marido o primeiro restaurante da cidade paulista

Paulo Gomes
São Paulo

Naquele início dos anos 1950, os caminhoneiros que chegavam no meio da noite à fábrica de Monte Alto (a 350 km de São Paulo) para entregar tomates não tinham onde comer. O casal Augusto e Joana viu então a oportunidade de abrir um bar e restaurante.

Matavam um frango caipira de sua granja, fritavam polenta e saciavam a fome de quem estava de passagem. Aos 44, Joana perdeu o marido. Tinha quatro filhos ainda novos, o mais velho com 20, e o restaurante da família para tocar. No funeral, uma de suas irmãs teve um infarte, e morreria na mesma semana.

A mulher então arrendou o estabelecimento para um amigo da família e fiou-se em Deus para superar o luto. Demonstrações de vigor não foram raras em sua vida. Quando mocinha, carregava lenha nas costas para o restaurante. Já com seus 70 e poucos anos, ainda brincava de pular corda com os netos —impressionava aquela senhora de saia comprida, meia três quartos e sapatinhos, pulando e sorrindo como uma garotinha.

 

Apesar de não ter escolaridade, Joana ensinou. “Educou a todos de um jeito que não ensinam nas escolas”, diz uma das netas.

Ajudou a tornar famosa a “canja do Abril”, servida no Carnaval da cidade para quem voltava da folia —e que ainda hoje é uma tradição.

Até março ainda podia ser vista no caixa do local, lúcida, perguntando aos clientes se a comida estava boa. Morreu na quinta (12), aos 92, de embolia pulmonar após uma cirurgia.

Deixa quatro filhos, 11 netos, duas bisnetas, uma irmã e o restaurante Abril, o primeiro de Monte Alto, ainda tocado pela família.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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