Descrição de chapéu Obituário Maria Helena Duque Estrada (1935 - 2018)

Mortes: Carioca do mundo, dinâmica jornalista de design

Do Rio de Vinicius, carregou o entusiasmo com a arte de vanguarda

Paulo Gomes
São Paulo

Sem a anuência dos filhos universitários, Maria Helena Estrada vendeu o carro da família e comprou um antigo modelo Karmann Ghia. As charmosas linhas do veículo certamente foram o diferencial para a troca feita pela mãe. Na prática, a filha é quem sofreria com os perrengues que vêm com um carro velho.

A anedota ilustra bem dois traços indissociáveis de Maria Helena: o ímpeto decisório e o apurado senso estético.

A crítica de design Maria Helena Duque Estrada (1935-2018)
A crítica de design Maria Helena Estrada (1935-2018) - Arquivo pessoal

Criada em uma família burguesa no Rio de Janeiro de ebulição cultural de meados do século 20, conviveu desde cedo num meio em que transitavam artistas como Vinicius de Moraes e Rubem Braga.

Durante um período de férias em Porto Alegre, apaixonou-se por Manoel, com quem veio a ter dois filhos. Estabeleceu-se na capital gaúcha, mas sentiu falta de estar próxima da vanguarda. Em dez anos, largou o marido e veio com os filhos para São Paulo.

Na capital paulista, reencontrou-se com o espírito artístico e vanguardista ao trabalhar na Forma, empresa de móveis que trabalhava com designers consagrados.

A partir daí, deu asas a essa vocação ligada ao design de interiores e arquitetura. Morou em Milão, foi curadora de bienais, criou a revista Arc Design e foi crítica do segmento —chegou a colaborar com esta Folha na década de 1980.

Morou por anos na Vila Madalena. Chegou a mudar-se para o interior, para criar abelhas com um namorado. Mas Maria Helena gostava de dinamismo, não era nada bucólica. Não durou um mês.

Morreu no último dia 11, aos 82, por falência de múltiplos órgãos. Deixa os filhos Cristiano e Fernanda, e dois netos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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