Waldemiro estava na padaria do Zanetti, beque esquerdo fora do horário comercial, quando recebeu o convite para jogar no Atlético-PR.
O dono do estabelecimento não estava dando ponto sem nó: ele próprio um armário de 1,90 m, quase uma arma branca nas divididas com os adversários, reconheceu naquele mecânico parrudo uma boa dupla de zaga.
Atleticano fanático, Waldemiro topou fazer uma peneira. Foi aceito e ficou surpreso quando recebeu o primeiro salário —achava que futebol não era emprego.
Em 1949, seis anos depois, fez parte do time que venceu 11 partidas consecutivas e sagrou-se campeão paranaense. Da campanha surgiu o apelido Furacão, que identifica o clube da Baixada.
Já a alcunha de Waldemiro surgiu numa excursão no Recife, quando a torcida comentava do galalau (grandão, no vocabulário local) que chamava a atenção na defesa.
Com um problema no joelho, se aposentou cedo, aos 28 anos. Fez então o caminho inverso do habitual: foi do futebol profissional para a várzea. Jogou até os 70 anos.
Aficionado por carros, nunca largou sua oficina mecânica no centro de Curitiba.
Ia a todos os jogos do Atlético e, turrão, gostava de reclamar do que julgava ser falta de determinação dos jogadores modernos.
Morreu no dia 26 de março, quando o clube que ele ajudou a ser conhecido como Furacão completou 94 anos. Do time de 1949, restam dois sobreviventes: Jackson e Rui.
Tinha 91 anos e sofreu complicações de uma pneumonia. Deixa a filha, Ilian, duas netas e três bisnetas.
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