“Nilson está com o bico arriado”, dizia um dos colegas de A Tribuna, de Santos, para já avisar aos demais jornalistas que o humor do homem não estava em um bom dia.
A frequência do “bico” talvez seja o que originou seu apelido na redação, Pato. Da época de faculdade, carregava ainda outro apelido, Listrinha, por ser magrinho e ter preferência por camisas listradas —como a do alvinegro Corinthians, time pelo qual era fanático.
O azedume de Pato, porém, era só fachada. “Ele era uma pessoa muito meiga”, diz a ex-colega Lídia Maria. Ainda assim, era célebre a “filosofia do Pato” na redação: quando algo o incomodava, soltava impropérios.
Com trajetória marcante no jornalismo esportivo, teve certa vez que cobrir uma regata. A reportagem, no entanto, naufragou. O mar não estava para Pato. Passou tão mal em alto mar que, quando não estava deitado, estava vomitando. O texto acabou sendo um relato da má experiência.
Além da Tribuna, passou pelo extinto Cidade de Santos e pelo Diário Oficial da cidade.
Trabalhava com precisão. “Seu texto era perfeito, sem muita fantasia. Era objetivo e direto”, conta Reynaldo Salgado. “Era um soldado do jornalismo”, diz outro ex-colega Sérgio Luiz Correa.
Morreu no domingo (8), vítima de infarto, no dia em que seu time conquistou mais um título. Viúvo de Alcimar, Deixa as filhas Anne e Regina.
No funeral, a família colocou o hino do Corinthians. Alguns puderam esboçar um sorriso de satisfação ao notar que um trecho da letra podia muito bem servir como homenagem. “Tu és orgulho.”
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