Descrição de chapéu Obituário Nilson Duarte (1944 - 2018)

Mortes: Jornalista objetivo de Santos, Pato tinha fama de bicudo

Torcedor do Corinthians era conhecido pela precisão no texto e humor azedo

Nilson Duarte (1944-2018), o Pato
Nilson Duarte (1944-2018), o Pato - Marcelo Martins/Arquivo
Paulo Gomes
São Paulo

“Nilson está com o bico arriado”, dizia um dos colegas de A Tribuna, de Santos, para já avisar aos demais jornalistas que o humor do homem não estava em um bom dia.

A frequência do “bico” talvez seja o que originou seu apelido na redação, Pato. Da época de faculdade, carregava ainda outro apelido, Listrinha, por ser magrinho e ter preferência por camisas listradas —​como a do alvinegro Corinthians, time pelo qual era fanático.

O azedume de Pato, porém, era só fachada. “Ele era uma pessoa muito meiga”, diz a ex-colega Lídia Maria. Ainda assim, era célebre a “filosofia do Pato” na redação: quando algo o incomodava, soltava impropérios.

Com trajetória marcante no jornalismo esportivo, teve certa vez que cobrir uma regata. A reportagem, no entanto, naufragou. O mar não estava para Pato. Passou tão mal em alto mar que, quando não estava deitado, estava vomitando. O texto acabou sendo um relato da má experiência.

O time que cobria esportes na Tribuna de Santos, por volta de 1983. Pato era o quarto da esquerda para direita entre os de pé. O primeiro sentado é Sérgio Luiz Correa
A equipe de Esportes na Tribuna de Santos, por volta de 1983; de pé, Pato é o quarto da esquerda para direita; o primeiro sentado é Sérgio Luiz Correa - Arquivo pessoal - 1983

Além da Tribuna, passou pelo extinto Cidade de Santos e pelo Diário Oficial da cidade. ​

Trabalhava com precisão. “Seu texto era perfeito, sem muita fantasia. Era objetivo e direto”, conta Reynaldo Salgado. “Era um soldado do jornalismo”, diz outro ex-colega Sérgio Luiz Correa.
 

Morreu no domingo (8), vítima de infarto, no dia em que seu time conquistou mais um título. Viúvo de Alcimar, Deixa as filhas Anne e Regina.

No funeral, a família colocou o hino do Corinthians. Alguns puderam esboçar um sorriso de satisfação ao notar que um trecho da letra podia muito bem servir como homenagem. “Tu és orgulho.”
 


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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