Quando Walter foi se casar com Nelcy, ele espírita e ela católica, a moça quis que fosse na igreja. Ele concordou, e foram fazer o curso para noivos. O padre explicou que Walter teria que jurar educar os filhos na religião católica. Nada feito.
O sacerdote então disse que o juramento era protocolar, não precisava ser cumprido à risca. Piorou. "Ele era muito correto, jamais iria jurar algo que não iria fazer", conta, justamente, a filha. Acabaram casando em outro lugar.
De Araras, no interior paulista, Walter formou-se em engenharia e trabalhou com construção, mas nunca teve amor por essa carreira. Um dia sonhou que estava trabalhando em uma escola e se sentia realizado.
Foi então fazer pedagogia e, desde então, passou a atuar na área educacional nas horas livres.
Trabalhando junto ao Instituto de Difusão Espírita, organizou cursos para evangelizadores e lançou sete livros —há mais um ainda não publicado. Abriu mão de qualquer renda da venda desse material, direcionando os direitos para instituições de caridade. Tratava a educação espírita como sua missão.
Sua ética era extremamente laboriosa. O computador não saía da mesa de jantar na sala da família, onde ele se sentava todas as noites para escrever. Os jantares, portanto, tinham de ocorrer na cozinha.
Devido a um câncer no intestino, conviveu com internações nos últimos meses, mas não gostava de hospital. No último dia 11, em casa pouco após receber alta, acordou a mulher durante a madrugada. "Nelcy". Levantou as mãos como se visse algo, e se foi. Deixa a mulher, com quem ficou 33 anos casado, os filhos Fernanda e Alexandre, e o irmão Rui.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.