Descrição de chapéu Obituário Leonildo Ignácio Leite (1940 - 2018)

Mortes: Madrigal, voz galante da música caipira do interior de SP

Leonildo não comia em churrascos porque se perdia cantando e tocando

Leonildo Ignácio Leite (1940-2018), o Madrigal
Leonildo Ignácio Leite (1940-2018), o Madrigal - Arquivo pessoal
Paulo Gomes
São Paulo

Leonildo costumava voltar dos churrascos na região de Lençóis Paulista (a 287 km de São Paulo) com fome. "Nem comi nada", dizia para a mulher, Diná, ao chegar em casa. "Até sei", respondia a companheira. "Ficou cantando, né?"

Era verdade. Leonildo gostava de tocar sertanejo raiz em seu violão e cantar desde muito jovem. Criado na roça, o mais velho de cinco filhos se destacava na lavoura pela agilidade com que cortava a cana.

A destreza nos movimentos era notada também ao tocar violão, prática a que pôde se dedicar exclusivamente desde que sofreu um aneurisma cerebral, aos 35, e se aposentou por invalidez.

Na região de Lençóis, ficou conhecido por fazer parte da dupla Marabá e Madrigal —era o Madrigal, termo que designa composições poéticas galantes—​ e por se apresentar com a Orquestra Boca do Sertão.

Leonildo Ignácio Leite (1940-2018), o Madrigal, com a esposa, Diná
Leonildo Ignácio Leite (1940-2018), o Madrigal, com a esposa, Diná - Arquivo pessoal

Tinha três violões. Passava horas dedicando-se ao instrumento e divertia-se assistindo aos programas televisivos apresentados por Rolando Boldrin, embaixador da cultura caipira.

Enfrentou e superou dois cânceres já após os 70 anos, sem se deixar abater, mantendo o jeito alegre e receptivo. Não ofendia ninguém, aceitava as brincadeiras sempre com uma risadinha característica.

Em janeiro, a descoberta de um linfoma agressivo o derrubou. Não ria mais, deixou de assistir a Boldrin.

No último dia 6, como escreveu o jornalista Benedicto Blanco, Madrigal deixou em silêncio o seu amigo violão.

Deixa a companheira de toda a vida, Diná Maria, as filhas Cristiane e Alessandra, e três netos.
 


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