Operação em SP prende nove suspeitos de fraudar licitações de merenda

Investigação iniciada em 2015 apura irregularidade em 32 cidades do estado

Coletiva da operação Cadeia Alimentar, deflagrada pelo Gaeco e pela Polícia Federal
Coletiva da Operação Cadeia Alimentar, deflagrada pelo Gaeco e pela Polícia Federal - Divulgação/ Ministério Público - SP
Marcelo Toledo
Ribeirão Preto

Nove pessoas foram presas nesta sexta-feira (6) numa operação que investiga suspeitas de fraudes em licitações de merenda escolar em até 32 municípios de São Paulo.
 
A operação Cadeia Alimentar foi deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público paulista, e pela PF (Polícia Federal) e teve como alvos empresas e empresários ligados ao fornecimento de merenda escolar. Não está descartada a participação de agentes políticos no esquema.
 
De acordo com o Gaeco, a investigação teve início em 2015 com o objetivo de apurar suposto pagamento de propina de cerca de R$ 1 milhão a funcionários da Receita Estadual pelo empresário do ramo de carne José Geraldo Zana, da empresa Mult Beef, de Brodowski (a 338 km de São Paulo), para que não aplicassem uma multa milionária à empresa. 
 
Durante a investigação, porém, o Gaeco disse ter descoberto que a empresa havia se aliado a outras do setor de proteína animal para fraudar licitações em cidades do interior paulista.
 

“[Há] Indícios de participação de servidores municipais e eventualmente de políticos, há suspeita e vai ser apurado. Por conta de ser alterado editais, licitações, suspeita-se de participação de membros ligados à política municipal de algumas cidades”, disse em coletiva o delegado da PF Daniel Vizicatto.

 Segundo ele, as empresas se revezavam nas licitações de carne para merenda escolar em 32 municípios paulistas, entre elas Americana, Barretos, Guarulhos, Limeira, Pirassununga, Santos e São Carlos.
 
As suspeitas são de que tenham cometido fraudes em licitação, prevaricação e corrupção ativa e passiva de funcionários públicos.
 
Além de Zana, foram presas outras oito pessoas em cidades como Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) e a capital.
 
“A empresa tinha seu faturamento principal com contratos públicos. O fisco constatou que a empresa que desencadeou a investigação subdimensionava os registros de estoque, para depois vender produtos sem nota fiscal. Com isso, apurou-se desfalque fiscal de quase R$ 32 milhões”, afirmou o promotor Frederico Meloni.

A suspeita é que há sete anos o grupo fraudava licitações. Além dos nove mandados de prisão temporária, foram cumpridos outros 25 de busca e apreensão e apreendidos R$ 170 mil, além de dólares e euros.
 
A Justiça afastou os três servidores da Secretaria da Fazenda dos cargos.
 
Procurada, a Mult Beef não comentou o assunto na tarde desta sexta-feira. Segundo funcionários, ninguém da empresa está autorizado a falar sobre o assunto.
 

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