Reparo do Pateo do Collegio entra em fase 'mais técnica' com menos voluntários

Trabalhos seguem até 6 de maio, quando ocorrerá a reinauguração após pichação

Voluntário trabalha na restauração da fachada do Pateo do Collegio, no centro de SP, após pichação
Voluntário trabalha na restauração da fachada do Pateo do Collegio, no centro de SP, após pichação - Danilo Verpa - 23.abr.18/ Folhapress
São Paulo

Após uma semana de limpeza, a fachada do Pateo do Collegio entrou nesta segunda-feira (23) em uma nova etapa do processo de restauração após a pichação do último dia 10. Segundo o diretor do local, o padre Carlos Alberto Contieri, essa nova fase é “mais técnica”, mas ainda tocada por voluntários. 

“Nessa etapa, que começou hoje, não é possível que todos os voluntários ajudem porque o trabalho é mais especializado. Durante a semana passada mais de cem voluntários passaram por lá, mas agora isso diminui e ficam só os que têm experiência, como no restauro de azulejos e lixamento das esquadrilhas”, afirmou Contieri. 

Marco histórico e turístico da capital paulista, o prédio do Pateo do Collegio amanheceu com a fachada pichada, no último dia 10. A frase “Olhai por nois” com letras garrafais em vermelho tomou conta da fachada de um museu e da capela São José de Anchieta do complexo, que pertence à Companhia de Jesus, ordem religiosa dos jesuítas.

Nesta segunda-feira, cerca de seis voluntários trabalharam no prédio localizado na região central de São Paulo. A expectativa é que essa nova etapa dure até a véspera do dia 6 de maio, data já definida para a reinauguração da fachada. 

De acordo com o padre, alguns detalhes do evento de reinauguração ainda serão definidos, mas deverão incluir uma missa às 10h e uma programação musical ao longo do dia, para os voluntários, mas também aos visitantes. A visita ao Pateo do Collegio, inclusive ao seu museu, também deverá ocorrer de forma gratuita no dia. 

“Não seria possível sem os voluntários, absolutamente. O papel deles foi fundamental. Sem eles, não teríamos como arcar com os custos. Essa pichação pegou todos de surpresa. Mas eles vieram ao longo da semana, mais de cem voluntários fazendo com capricho. Uma presença indispensável, extremamente importante”, disse Contieri. 

Além das pessoas que participaram do trabalho de limpeza no local, o padre afirma que muitos outros contribuíram com doações e outras pequenas ações. Na última sexta, uma mulher varreu a calçada com os filhos pequenos para deixar tudo limpo para o final de semana. 

“Foi muita audácia [a pichação], mas certamente esse grupo tão grande [de voluntários] mostra que podemos construir uma sociedade com base na solidariedade e cumprir nosso papel. Sem esse espírito de indignação, saudável, não é possível fazer nada, transformar nada, construir nada”, afirma o padre. 

PRISÕES 

Duas pessoas foram detidas no dia 12 sob suspeita de terem participado do ato de vandalismo. João Luiz Prado Simões França, 33, e Isabela Tellerman Viana, 23, teriam alegado viés ideológico, segundo informou o delegado Marcos Galli Casseb, do DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania). 

Os dois foram liberados após prestar depoimentos, mas poderão ser condenados a pena de três meses e um ano de prisão, de acordo com a lei de crimes ambientais. Eles também foram multados em R$ 10 mil, cada um, pela Secretaria das Prefeituras Regionais. 

Além do Pateo do Collegio, a polícia suspeita que eles estejam envolvidos em outros atos de vandalismo, como na estátua do Borba Gato, no Monumento às Bandeiras, no Masp (Museu de Artes de São Paulo), no Fórum do Butantã, na Secretaria da Educação e no muro do Pacaembu.

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