Tire suas dúvidas sobre a vacina contra a gripe

Dose já está disponível na rede privada, e campanha na rede pública foi prorrogada

Júlia Barbon
São Paulo

Com a temporada de frio, o Brasil já contabilizou, de janeiro a junho, 3.358 casos graves de gripe.

A vigésima campanha de vacinação contra a gripe na rede pública de todo o país acabou na sexta (22) sem atingir a meta de vacinar 90% do público alvo —86% foram vacinados, mas percentual foi mais baixo entre crianças e gestantes. 

Nas clínicas privadas, já era possível se imunizar há mais tempo.

As doses ainda estão sendo distribuídas em postos de saúde que têm estoque de vacina. Só podem se vacinar pessoas que se enquadram no grupo de risco —que inclui idosos, grávidas e crianças de seis meses a cinco anos—. Quem tem doenças crônicas e outras condições clínicas e não está cadastrado em programas do SUS deve apresentar prescrição médica. Desde segunda (25), o Ministério da Saúde também incluiu na lista crianças de 5 a 9 anos e adultos de 50 a 59 anos.

Abaixo, tire suas dúvidas sobre a vacinação e sobre a gripe.

 

A VACINAÇÃO

Como posso me vacinar contra a gripe?
Na rede privada, o preço da dose varia entre R$ 80 e R$ 160. Na rede pública, a campanha foi encerrada, apesar de ter alcançado apenas 86% do público alvo (a meta era 90%). Como a procura foi baixa, postos de saúde que tiverem doses em estoque ainda podem ofertar a imunização.

Quem deve tomar a vacina?
O ideal é que todos acima de seis meses de idade tomem a vacina, mas alguns grupos correm mais risco de desenvolver complicações da doença. 

Quais são os grupos de risco da gripe?
Crianças de seis meses a cinco anos, idosos, professores e profissionais da saúde (redes pública e particular), grávidas, mulheres que tiveram filhos há até 45 dias, presidiários, funcionários do sistema prisional, indígenas e pessoas com doenças crônicas (diabetes, asma, câncer) ou condições clínicas especiais (respiratórias, cardíacas, renais, hepáticas, neurológicas, diabéticos, obesos, imunossuprimidos, transplantados).

Quem tem direito à vacina na rede pública?
As pessoas que fazem parte do grupo de risco e, desde segunda (25), crianças de cinco a nove anos e adultos de 50 a 59 anos.

Quem não pode tomar a vacina?
Bebês menores de seis meses e quem já teve reações anafiláticas em aplicações anteriores. Quem teve a síndrome de Guillain-Barré ou tem reações alérgicas graves a ovo —a vacina contém traços de proteínas do alimento— também deve ter cautela.

Quantas doses preciso tomar?
É recomendada uma dose por ano, porque as cepas do vírus mudam. Crianças de seis meses a nove anos que estão recebendo a vacina pela primeira vez devem tomar uma segunda dose, com intervalo de 30 dias entre elas.

Se eu já tiver pegado a gripe, ainda preciso tomar a vacina?
Precisa. O tempo de imunização após a infecção é mais prolongado que o da vacina, porém não é possível prevê-lo porque ele varia bastante.

A vacina protege contra quais vírus?
A vacina dada na rede pública é a trivalente, contra as gripes A (H1N1), A (H3N2) e um tipo da B. Na rede privada também é oferecida a quadrivalente —que protege contra mais um tipo da B.

Ela "vale" por quanto tempo?
Ela demora de duas a quatro semanas para começar a fazer efeito e é útil por 6 a 12 meses, uma “temporada” do vírus.

Ela é 100% eficiente?
Não, a eficácia varia. Em pessoas não idosas e saudáveis, gira em torno de 70%, mas cai dependendo da faixa etária e de outros fatores, como presença de infecções e doenças crônicas. Para prevenir mortes, porém, a eficiência sobe para 85%, segundo o pediatra e infectologista Renato Kfouri.

Quem toma a vacina tem chances de ficar gripado como “reação”?
Não. O máximo que pode acontecer são dores locais (10% a 20% dos casos), febre baixa, dor no corpo e mal-estar (menos de 1%).

Posso tomar as vacinas da gripe e da febre amarela no mesmo dia?
Sim. Segundo Renato Kfouri, é inclusive uma ótima oportunidade de colocar as vacinas em dia.


A GRIPE

Devo ir ao hospital assim que sentir um dos sintomas da gripe?
Nem sempre. Pode ser que seja apenas um resfriado. Ir a um pronto-socorro ou a um consultório médico pode expor a pessoa, que já está com a imunidade baixa, a microorganismos e fazer com que ela contraia a gripe ou outras doenças.

Qual o período de maior incidência da doença?
Durante a temporada de frio, entre abril e outubro —principalmente no mês de junho, segundo o Ministério da Saúde.

Há um surto neste ano?
É difícil dizer, uma vez que apenas os casos graves, que resultam em complicações, são de notificação obrigatória. Em relação a eles, o número de fato aumentou, em comparação com 2017. Até o início de junho, foram contabilizados 2.715 casos e 446 mortes. No ano passado, no mesmo período, eram 1.502 casos e 99 mortes. Especialistas, no entanto, afirmam que 2017 foi um ano atípico, com poucos registros. Se olharmos para 2016, veremos que os números são muito maiores do que os  que temos hoje: entre janeiro e junho, foram 6.097 casos e 1.103 mortes.

O vírus H3N2, principal responsável por um surto de gripe atualmente nos Estados Unidos, também pode causar uma epidemia no Brasil?
É pouco provável. A vacina que será aplicada na rede pública foi adaptada para ser mais eficiente contra o H3N2. Até junho, o número registrado de casos desse tipo do vírus foi bem menor (341) do que no mesmo período de 2017 (1.113). 

Como a gripe é transmitida?

  • Contato direto com o muco produzido pelo doente
  • Inalação das gotículas emitidas quando a pessoa espirra ou tosse
  • Contato com superfícies como mesas, maçanetas e talheres que tiveram contato com muco ou gotículas

Quais são os sintomas?
Febre alta, tosse, dor muscular, dor de cabeça, dor de garganta, coriza e irritação nos olhos e nos ouvidos.

Como me prevenir?

  • Tome a vacina; é o método mais eficaz de evitar a gripe
  • Lave sempre as mãos com água e sabão ou com álcool
  • Evite levar as mãos aos olhos, ao nariz e à boca
  • Cubra a boca quando for tossir ou espirrar

Como funciona o tratamento da gripe?

  • Repousar, beber muito líquido e evitar álcool e cigarro
  • Medicamentos como o paracetamol (Tylenol) podem ser usados para combater febre e dores
  • Em casos graves ou em grupos de risco, pode ser recomendado medicamento antiviral
  • Uso do Oseltamivir (Tamiflu), vendido com receita

Fontes: Ministério da Saúde, Secretaria da Saúde de SP e infectologistas Renato Kfouri, Rosana Richtmann, Isabella Ballalai e Carlos Kiffer

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