Vídeo mostra agressão de guardas na cracolândia; corregedoria vai apurar

Imagens mostram uso aparentemente injustificado de spray e cassetete 

São Paulo

Um vídeo gravado na região da cracolândia, no centro de São Paulo, mostra a repressão da Guarda Civil Municipal da gestão João Doria (PSDB) aos usuários de drogas na área. A prefeitura afirma que vai investigar eventuais excessos.

As imagens mostram os dependentes químicos discutindo com os agentes. Um deles espirra spray de pimenta em um dos homens. Segundos depois, um estampido faz os usuários virarem as costas aos guardas para ver do que se tratava o barulho, e dois deles são atingidos por trás por golpes de cassetetes da GCM.

Segundo o coletivo de ativistas A Craco Resiste, que divulgou as imagens, as cenas foram gravadas na última quarta-feira (4) na rua Helvétia. "O homem agredido com o gás estava extremamente bêbado e, aparentemente, não obedeceu a ordem para ir para trás", informa o grupo.

De acordo com os ativistas, o clima de tensão começou antes, quando um morador da cracolândia foi supostamente agredido pela guarda. "Ele se afastou e atacou pedras contra os guardas. A partir daí a GCM fez os cordões [de isolamento] e lançou bombas]", afirmam, baseados em relatos de moradores.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana, responsável pela GCM, informou que a Corregedoria da Guarda vai instaurar uma investigação para analisar o vídeo e adotar as providências cabíveis.

Conforme a pasta, os agentes davam apoio às equipes de limpeza que realizam ações de zeladoria de rotina na região e foram atacados com pedras pelos usuários. "Um dos guardas ficou ferido e uma das viaturas foi danificada", informa a secretaria.

IMPASSE

Há anos a região próxima à estação de trem Júlio Prestes, na Luz, convive com o fluxo de usuários e traficantes de drogas. O problema parece estar longe de uma resolução, uma vez que cada governante implementa um programa próprio para a cracolândia a fim de usá-lo como bandeira política.

Na situação mais recente, a gestão Doria enterrou o projeto Braços Abertos, do antecessor Fernando Haddad (PT), após operação policial que desmobilizou o fluxo na alameda Dino Bueno.

Na época, Doria chegou a decretar o fim da cracolândia. O fluxo de usuários, no entanto, só mudou de endereço. Primeiro, para a praça Princesa Isabel, para depois voltar a cerca de uma quadra de distância de onde havia a concentração da Dino Bueno.

Nesta semana, a Justiça determinou a reabertura de dois hotéis que hospedavam dependentes químicos do Braços Abertos, de Haddad, que tinham sido fechados no começo do ano. A prefeitura afirmou que vai recorrer.

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