Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Acabou a gasolina do Uber e fiquei sozinha à noite na av. Rio Branco

Desabastecimento causa transtornos na volta para casa até para quem usa o app

Caminhoneiros fazem bloqueio na rodovia Regis Bittencourt no quinto dia de paralisação
Caminhoneiros fazem bloqueio na rodovia Regis Bittencourt no quinto dia de paralisação - Taba Benedicto/Folhapress
Sílvia Haidar
São Paulo

Pedi um Uber ao sair da Folha, por volta da 1h de quinta-feira (24). Quando estávamos na avenida Rio Branco, cerca de 1 km de distância da alameda Barão de Limeira, onde fica o prédio da Redação, o motorista avisou que a gasolina estava acabando e teríamos de parar para abastecer. Assim que ele terminou a frase, o carro morreu. 

Vários pontos do país enfrentam desabastecimento de combustível desde quinta-feira (24) devido à paralisação dos caminhoneiros, iniciada na segunda (21). Em São Paulo, os postos preveem seca total até de gasolina aditivada neste sábado (26).

O motorista encostou o carro como pôde na esquina com a rua Eduardo Prado e saiu a pé, com um galão na mão, para buscar combustível num posto na alameda Nothmann. 

Esperei sozinha dentro do carro por alguns minutos, mas fiquei com medo e saí a pé em direção ao posto de gasolina. Quando estava quase chegando lá, o motorista já descia a rua com o galão cheio na mão. Voltamos juntos, mas antes de chegarmos uma viatura da polícia já estava parada ao lado do veículo. Quatro policiais estavam de pé na rua, apontando armas para o carro vazio, com o pisca-alerta ligado, estacionado todo torto. De fato, parecia que havia sido abandonado ali.

O motorista e eu nos aproximamos, ele explicou que trabalhava para a Uber e eu era sua passageira. Entrei no carro enquanto o motorista colocava a gasolina no tanque. Os policiais pediram os documentos dele e liberaram a gente.

No caminho, uma colega de trabalho me mandou uma mensagem pelo celular contando que o motorista da Uber que ela pediu também teve de parar para abastecer. Cheguei em casa uma hora depois, na Penha, zona leste de São Paulo, mesmo assim avaliei o motorista com cinco estrelas —pelo esforço que ele fez.

EMERGÊNCIA

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), decretou situação de emergência nesta sexta devido à paralisação de caminhões. A medida permite à prefeitura fazer compras sem licitação, requisitar ou apreender bens privados, como combustível estocado em postos, e realizar gastos sem depender do empenho orçamentário.

A preocupação é que a crise de abastecimento possa provocar um colapso na cidade a partir de segunda-feira, como no transporte de ônibus, coleta de lixo, serviços de saúde e entrega de merenda nas escolas.

Para economizar combustível, a gestão deve suspender serviços administrativos não essenciais. Covas pode ainda decretar feriado municipal caso o desabastecimento continue. O rodízio municipal de veículos, por exemplo, foi suspenso na cidade quinta (24) e sexta-feira (25).

O presidente Michel Temer publicou nesta sexta (25) um decreto que autoriza agentes do Exército, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e Polícia Militar a desobstruir rodovias, inclusive entrando nos caminhões para retirá-los até mesmo dos acostamentos.

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