Segundo corpo é localizado em escombros de prédio no centro de SP

Além dos ossos de um homem, foram achados brinquedos e um anel dourado

Bombeiros retiram segundo corpo sob escombros de prédio que caiu no centro de SP
Bombeiros retiram segundo corpo sob escombros de prédio que caiu no centro de SP - Danilo Verpa/Folhapress
 
São Paulo

Os bombeiros localizaram, por volta das 6h30 desta terça-feira (8), mais um corpo carbonizado sob os escombros do prédio Wilton Paes de Almeida, que desabou na madrugada da última terça (1º), no centro de São Paulo, após um incêndio. 

Após exames feitos pelo IML (Instituto Médico Legal), foi constatado que se trata de fragmentos de ossos de um homem adulto. O instituto agora deverá colher amostras de parentes de desaparecidos na tragédia para confirmar a identidade da vítima. 

Entenda o que já se sabe sobre o desabamento de prédio em SP

Mais cedo, os bombeiros chegaram a informar que o corpo encontrado era de pequeno porte, "aparentemente criança com sinais de carbonização", o que foi descartado durante a noite desta terça pelas análises do IML. 

Os bombeiros trabalharam durante a última madrugada retirando manualmente os escombros em um ponto região em frente ao antigo prédio, onde tinham sido encontradas peças de roupas. Além dos fragmentos de ossos, foram encontrados brinquedos e um anel dourado no local.

O capitão Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, afirmou haver "indícios de que outras vítimas possam ser encontradas na mesma região”.

Esse é o segundo corpo localizado nos escombros. O primeiro foi o de Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, conhecido como Tatuagem, na sexta-feira (4). Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo, Ricardo foi depois identificado por meio de impressões digitais.

Áudio revelado pelo Fantástico e depois obtido pela Folha mostra que Ricardo acionou o serviço de emergência da PM em busca de socorro no momento em que se viu encurralado pelo fogo. Ele chegou a ter o corpo amarrado pelos bombeiros, mas foi engolido pelo desabamento do prédio momentos antes do resgate. ​

No início desta semana, o número oficial de possíveis vítimas foi atualizado pelo Corpo de Bombeiros. Foram incluídos na lista dois homens: Artur Hector de Paula, 45, na noite de segunda (7), e Francisco Lemos Dantas, 56, na manhã desta terça. A atualização se deu após parentes relatarem o desaparecimento deles. 

Já eram procurados a faxineira Eva Barbosa, 42, e o marido dela, Valmir de Souza Santos, além de Selma Almeida da Silva, 40, e seus filhos gêmeos, Wendel e Wender, 10. 

Na manhã desta terça-feira, as buscas aos desaparecidos, que continuam ininterruptas há oito dias, tiveram que ser suspensas após a localização desse segundo corpo. Isso porque o maquinário pesado que remove os escombros atingiu uma rede encanada de gás natural. Um vazamento foi registrado por volta das 6h10.

De acordo com a Comgás (Companhia de Gás de São Paulo), a rede afetada abastecia a igreja Martin Luther, que teve 80% de seu prédio destruído após a queda do edifício. “A equipe técnica adotou todas as medidas de segurança e eliminou o vazamento às 6h55”, informou a Comgás.

Para os bombeiros, a região dos destroços onde os trabalhos estão concentrados é muito sensível. “Estamos no ponto crucial. Sabíamos que não haveria vítimas nos andares superiores, já que do 11º andar para cima ninguém morava. Acabamos de entrar nos andares abaixo disso, e vamos agir com cuidado para não causar danos", afirmou Palumbo.

CURTO-CIRCUITO

Na semana passada, a polícia disse que, após ouvir uma testemunha, concluiu que um curto-circuito no quinto andar, provocado por excesso de aparelhos ligados em uma tomada foi a causa do fogo no prédio. No local havia quatro pessoas: marido, mulher e duas filhas. 

O desabamento provocou ainda a interdição de cinco imóveis em seu entorno, sendo quatro prédios e a igreja. Segundo a Defesa Civil, todos os bloqueios são totais e não há previsão de liberação. Não foi encontrado risco iminente de colapso em nenhum deles, mas eles seguem monitorados pelo órgão.

Um desses imóveis é o edifício Caracu, localizado na rua Antônio de Godói, que foi liberado para a entrada de moradores pela primeira vez nesta sexta-feira. As pessoas puderam retirar pertences pessoais, como documentos e medicamentos, mas não puderam permanecer no local. 

Também estão interditados a igreja, no número 34 da av. Rio Branco; um prédio, no largo do Paissandu, 132; e um edifício estreito da Antônio de Godói, que ficou com marcas das chamas em sua fachada. Essa última construção conta como duas interdições por ter duas numerações (8 e 26).

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