Em emergência, SP traça estratégias para evitar feriado segunda-feira

Prefeitura refaz contas para checar estoque de combustível para serviços

São Paulo

Diante da incerteza e das consequências da paralisação dos caminhoneiros, o prefeito Bruno Covas (PSDB) decretou situação de emergência na cidade de São Paulo. O objetivo é buscar meios legais para driblar transtornos em meio à crise de desabastecimento de combustíveis.

A cidade já reduziu a circulação de ônibus e refaz as contas para estoques emergenciais para abastecer veículos dos serviços funerário e de coleta de lixo, por exemplo.

Com o decreto, a prefeitura pode fazer compras sem licitação e requisitar ou apreender bens privados, como combustível estocado em postos —esse último item, por ora, não está nos planos da gestão.

A principal preocupação é que a crise de abastecimento possa provocar um colapso na cidade na semana que vem. No estado, escolas e universidades, como a Unicamp, já anunciaram o cancelamento das aulas ao menos na segunda-feira, e a prefeitura da capital pode decretar feriado, por exemplo, além de manter a suspensão do rodízio municipal de veículos, o que já ocorreu nesta quinta e sexta.

A prefeitura também orientou os agentes de trânsito da CET a não aplicar multas aos motoristas que tiverem pane seca nos veículos.

Na capital, para economizar combustível, a gestão deve suspender serviços administrativos não essenciais. O problema é que, mesmo diante de eventual fim da paralisação neste final de semana, a prefeitura estima em quatro dias uma volta à normalidade. “Esta não é uma situação corriqueira, não é normal, não se trata de um problema menor”, disse Covas à TV Globo.

Para amenizar a crise, a prefeitura recorreu à Justiça e tem desde quinta-feira uma liminar que determina a interrupção dos protestos para a manutenção de serviços essenciais na cidade. A decisão, porém, não ‘pegou’ por enquanto. Isso porque a gestão municipal e a Polícia Militar, subordinada ao governador Márcio França (PSB), têm entendimentos diferentes sobre como e onde cumpri-la.

A prefeitura contava com a força da polícia para eventualmente romper piquetes de caminhoneiros e abrir corredores, com escolta, para levar os caminhões-tanque até as refinarias para abastecimento.

A PM até colocou a tropa de choque para a escolta dos caminhões, mas avisou a prefeitura que não usaria a força para fazer vale a liminar. O problema é que, mesmo para os casos de escolta, é preciso encontrar motoristas sujeitos dispostos a furar a manifestação. Para a PM, também não cabe a ela tentar convencer os caminhoneiros a enfrentar os colegas do movimento.

“Não faltou apoio da PM. Faltou, sim, um elemento da prefeitura municipal, a coordenação, nesse sentido [de organizar motoristas que buscariam o combustível], disse o secretário Mágino Barbosa Filho (Segurança Pública).

Na tarde desta sexta, a escolta policial já ajudou no transporte de combustíveis para a frota de ônibus da cidade, o que dá um alívio ao menos para sábado e domingo. Ambulâncias e veículos do Samu têm reservas até segunda.

Coleta de lixo

Para reduzir o impacto da falta de abastecimento de combustível, as empresas terceirizadas de coleta, Loga e Ecourbis, têm recorrido a um plano de contingência para evitar colapso no serviço.
A coleta de lixo na cidade de São Paulo consome 60 mil litros de diesel por dia.

Em vez de adquirir combustível de grandes distribuidoras, como é feito normalmente, elas têm recorrido a fornecedores locais e menores para abastecer os caminhões. Segundo a prefeitura, 500 caminhões fazem a coleta na cidade, que produz 20 mil toneladas de lixo diariamente.

Apesar de a prefeitura ter anunciado que o serviço seria paralisado na sexta, os caminhões percorreram a cidade, mas de forma escalonada e em ritmo menor, para não cessar os recursos. Apenas a coleta de lixo seletiva foi suspensa. 

A preocupação é que a greve dos caminhoneiros se prolongue até segunda-feira, dia da semana que concentra maior quantidade de lixo a ser recolhida por causa do fim de semana, quando o serviço não é realizado. Além disso, as pessoas tendem a consumir mais nos finais de semana, o que acumula ainda mais resíduos.

Em relação ao serviço funerário, a prefeitura afirmou que estratégias de contingência têm sido feitas para manter o serviço em funcionamento. Os funcionários têm pedido às famílias que optem por enterrar os parentes em cemitérios próximos aos locais do velório para evitar grandes deslocamentos. Além disso, menos carros têm ido para as ruas e há maior planejamento dos trajetos percorridos para economizar combustível.

A prefeitura detém o monopólio do serviço funerário na capital, apesar de empresas privadas oferecerem o serviço em portas de hospitais, IML (Instituto Médico Legal) e SVO (Serviço de Verificação de Óbitos). Nesses casos, o enterro é feito em municípios vizinhos onde não há o monopólio.

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