A família de Matheus Passareli Simões Vieira, 21, conhecida como Matheusa, confirmou nesta segunda-feira (7) que a estudante de artes visuais da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), que está desaparecida há uma semana, está morta.
A irmã da vítima, Gabe Passareli, comunicou em seu perfil no Facebook que a DDPA (Delegacia de Descoberta de Paradeiros) da Polícia Civil constatou que Matheusa foi assassinada em uma favela da zona norte do Rio.
“As buscas se intensificaram após o anúncio do desaparecimento da minha irmã (...). Sobre seu corpo, também segundo informações colhidas pela DDPA, foi queimado e poucas são as possibilidades de encontrarmos alguma materialidade, além dos milhares que a Matheusa deixou em vida e que muito servirão para que possamos ressignificar a realidade brutal que estamos vivendo”, escreveu Gabe.
A estudante desapareceu após deixar uma festa de aniversário no dia 29 de abril, no bairro do Encantado, também na zona norte do Rio. O caso continua sendo investigado pela DDPA para apurar as causas do crime.
Em nota, a Coordenadoria Especial de Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio lamentou a morte da estudante, e o coordenador, Nélio Georgini, defendeu que “nenhuma hipótese” seja descartada na apuração das motivações do crime.
Segundo a coordenadoria, as denúncias de casos de agressão a lésbicas, gays, bissexuais e transexuais do Rio cresceram mais de 100% entre janeiro e abril de 2018, em relação a 2017. O órgão pondera que isso não necessariamente significa que ocorreram mais agressões e pode refletir também o aumento da procura por formalizar as denúncias.
Matheusa tinha grande relação com o universo da moda, inclusive desfilou na última edição da Casa de Criadores, para o estilista Fernando Cozendey. Ela também estava envolvida com o projeto Jacaré Moda, rede que conecta pessoas, periferias e potências criativas por meio da moda, e fazia parte do casting da agência de modelos Squad.
A Uerj divulgou nota de pesar, exaltando o apreço da estudante pela educação pública. A universidade afirma ainda que o assassinato de Matheusa é mais uma manifestação “da realidade de violência e desigualdade que se alimenta das distorções econômicas do país”.
“O amor de Matheus pela universidade pública, como espaço para realização do sonho profissional e de afirmação dos talentos das mais diferentes personalidades e perspectivas, foi declarado e vivido, sempre apaixonadamente, quando circulava pelos corredores da Uerj”, diz o texto.
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