Locação de imóveis na região da Luz é mais cara do que em Pinheiros

Aluguel médio em pensões do bairro da região central de São Paulo é de R$ 581

Quarto de edifício invadido por sem-teto em 2015; prédio pegou fogo e desabou na última terça
Quarto de edifício invadido por sem-teto em 2015; prédio pegou fogo e desabou na última terça - Plínio Hokama Angeli/Folhapress
Fernanda Mena
São Paulo

Desvalorizada enquanto local de moradia, a região da Luz, também conhecida por sediar a famigerada cracolândia, no centro de São Paulo, é repleta de pensões semelhantes a cortiços, seja pelas precárias condições estruturais e de salubridade, seja pela informalidade dos arranjos de aluguel. 

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Lá, o valor médio pago mensalmente por um cômodo é de R$ 581, segundo levamento de novembro de 2017 feito pelo Fórum Aberto Mundaréu da Luz, articulação de entidades e moradores locais.

Uma família de sete pessoas, sendo cinco crianças e dois adultos, vivia em um cômodo sem janelas de 10 m² pelo qual pagava R$ 700, ou seja, R$ 70/m². O valor médio do metro quadrado de aluguel em Pinheiros, bairro de classe média alta de São Paulo, era de R$ 54,29/m² no final de 2017, segundo o índice DMI-VivaReal.

“Quem tem dinheiro para alugar um imóvel pode escolher. Quem não pode escolher, tem de se submeter a preços maiores por condições piores de moradia”, avalia Felipe Villela, 32, do Observatório de Remoções do Labcidade da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

Os dados do perfil sociodemográfico dos habitantes das pensões locais mostrou que 60% estavam desempregados e 48% gastavam mais de 2/3 da renda familiar com moradia, quando o recomendado é que as despesas com aluguel não ultrapassem 1/3 da renda. 

O estudo foi feito com a aplicação de questionários a 33 moradores locais e serviu de base para a elaboração de um plano urbanístico popular para a região, o Campos Elíseos Vivo, que propõe a construção de 2.700 novas unidades habitacionais sem remoções.

Parte dos entrevistados foram removidos da pensão em que viviam pelo poder público no último dia 16. Sem ter para onde ir, pelo menos uma das famílias havia encontrado abrigo no edifício Wilton Paes de Almeida. Com seu desabamento, estão em barracas no largo do Paissandu.

Segundo Villela, a concessão de auxílio-aluguel ou auxílio-moradia, no valor de R$ 400, a quem foi removido de sua habitação é um paliativo, e não uma solução para o problema.

“É um valor insuficiente para que a pessoa encontre uma alternativa menos precária que a anterior”, afirma Roberto Pimentel, promotor na área de Habitação. Para ele, as pessoas expulsas do centro acabam indo para as ruas ou regiões de mananciais.

Segundo a Secretaria Municipal da Habitação, há hoje 724 imóveis ociosos no centro de São Paulo aptos ao uso social. 
 

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