Impossível lembrar Maria Labate Busca sem falar de música. As canções estiveram presentes em toda a sua vida.
No rádio que ouvia antes de dormir, nos clássicos italianos que cantava emocionada, saudosa de seus pais, e, principalmente, no piano.
Concertista durante sua juventude, ela chegou a estudar oito horas por dia para desenvolver a perfeição técnica e leveza que marcavam sua performance no instrumento.
Mesmo com a idade avançada, nunca esqueceu os acordes de seu repertório principal, tocado com frequência nos encontros familiares. "Granada", "Uno" e "Na Baixa do Sapateiro" eram algumas da lista.
As músicas acompanharam uma trajetória de superação. Aos oito anos, Maria foi atropelada por um caminhão e chegou a ser desenganada pelos médicos, mas se recuperou sem sequelas.
Na década de 1950, casou-se com Luiz, comerciante de família italiana como a dela. Ele morreu precocemente, deixando-a com duas filhas pequenas. Maria chegou a se casar de novo, com Alberto, mas ficou viúva sete anos depois.
Nunca se esqueceu de todos os que perdeu, nem dos que ficaram, em suas orações noturnas. Pedia proteção a uma lista extensa de nomes, de familiares e amigos a pessoas que não conhecia pessoalmente —certa vez, confidenciou, rezaria por Ray Coniff (1916-2002) "em nome de todos os músicos mortos".
Mesmo com suas perdas, nunca deixou de ser uma presença doce, pacífica e amorosa. Morreu aos 92 anos após uma parada cardíaca. Deixa duas filhas, dois genros, quatro netos e duas bisnetas. A missa de sétimo dia acontece nesta terça-feira (15), ao meio-dia, na Igreja São José, em São Paulo.
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