Aos 51, Andrei Bastos perdeu a perna esquerda após um câncer ósseo. Transformou a luta contra a doença em militância pelas pessoas com deficiência.
De espírito rebelde e inquieto, o cearense, que se mudou ainda na infância para o Rio, teve uma trajetória de militância em causas sociais.
Começou cedo, em movimentos secundaristas, nos anos de chumbo da ditadura militar. Já aos 17, teve que cumprir prisão domiciliar. Para se proteger, passou a usar um nome clandestino.
Pouco depois, foi descoberto, preso e torturado. A repressão o fez interromper a graduação em desenho industrial, que não chegou a concluir.
Andrei começou a carreira no jornalismo como diagramador. Trabalhou no Correio da Manhã e no jornal O Globo. Nos anos 1980, chegou a ter uma empresa, misto de editora e assessoria de imprensa. Logo depois, porém, voltou aos periódicos.
Metódico, Andrei tinha a pontualidade e a organização como marcas. Também gostava de viajar, de ver o tempo passar deitado na rede, de reunir os amigos e de ouvir clássicos do rock com os filhos.
Do fim dos anos 1990 a 2003, o jornalista enfrentou o câncer três vezes --tíbia, pulmão e coxa. Aposentou-se, mas continuou trabalhando em ONGs de apoio a pessoas com deficiência.
Há três anos, perdeu o filho Alex, assassinado em um assalto. Tornou-se, junto com a filha Olivia, ativista pela paz.
Nos últimos tempos, virou escritor. Publicou quatro obras sobre a sua experiência com o câncer e com a militância.
Morreu no dia 25, aos 66, cinco dias após complicações em uma colonoscopia. Deixa dois filhos, dois netos, quatro irmãos e a mãe.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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