Descrição de chapéu Obituário Raimundo Nonato Vasconcelos (1947 - 2018)

Mortes: Cearense metódico e expert na culinária nacional no DF

Era dono e chefe do Ki-Filé, que atraiu todo tipo de cliente por mais de 30 anos

Raimundo Nonato Vasconcelos (1947-2018)
Raimundo Nonato Vasconcelos (1947-2018) - Arquivo Pessoal
Fernanda Pereira Neves
São Paulo

Assim que abriu as portas do restaurante brasiliense Ki-Filé, lá em 1984, Raimundo Nonato Vasconcelos decidiu que tomaria conta da cozinha, deixando o salão com o irmão e sócio, Anastácio. 

A escolha foi natural, após anos de experiência na cantina italiana La Romanina, onde começou como ajudante de cozinha, sem saber nada, e ficou até decidir ser chefe no próprio estabelecimento.

Cearense de Sobral, Raimundo tinha 19 anos quando seguiu rumo à capital federal. O primeiro da família a fazer o percurso, seguido depois pelos irmãos. “Foi a morte da avó que o deixou desgostoso”, afirma o filho, Eduardo. 

Trazia de sua terra natal alguma experiência em agricultura, do tempo em que ajudava o pai no ofício, mas seguiu para a área da construção civil, pelo menos no começo. 

Mas foi a cozinha que encantou Raimundo. Tanto que deixou a vida de ajudante esforçado para se tornar um chefe metódico, exigente, especialista em culinária brasileira. A feijoada era seu prato favorito.

Chegava ao Ki-Filé pela manhã e, muitas vezes, saía com ele já fechado, depois das 23h. Em alguns momentos, deixava a cozinha com seu avental cheio de respingos para fazer um social com a clientela, que era a mais variada possível. 

Com essa rotina, tinha pouco tempo para outros afazeres. A mulher, Maria de Fátima, teve que se acostumar com as ausências e atrasos. O filho acabou indo trabalhar no restaurante, assim como um sobrinho, que assumiu o salão do local após a morte de Anastácio, há cerca de 14 anos. 

As poucas saídas de Raimundo eram para Sobral para visitar o pai e outros parentes que permanecem no Ceará. Voltar de vez, porém, era algo que não cogitava. Não foi conquistado apenas pela cozinha, mas também por Brasília. 

Nos últimos anos, a saúde do cearense começou a fraquejar. Primeiro foram os rins, depois o pâncreas. Mas nada disso (ou mesmo a insistência da família) fizeram Raimundo se afastar do restaurante. 

Incansável, parou apenas no último dia 23, quando morreu, aos 70 anos, após complicações que acabaram provocando uma parada cardíaca. 

Deixa mulher, pai, irmãos, dois filhos, dois netos, uma bisneta e o restaurante Ki-Filé. 

coluna.obituário@grupofolha.com.br


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