Quando a polícia ameaçou entrar no prédio que abrigava a pós-graduação em engenharia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em plena ditadura militar, o diretor Alberto Luiz Galvão Coimbra se postou à porta. "Não há nada para vocês aqui", disse, com firmeza.
A determinação com que Coimbra enfrentou os policiais é a mesma com que fundou a Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia), instituto que abrigou os primeiros cursos de mestrado e doutorado em engenharia do Brasil. A instituição pertence à UFRJ.
Ocupando apenas duas salas, o professor implantou, em 1963, o curso de mestrado em engenharia química. Estava formado o embrião da Coppe, hoje um renomado centro de pós-graduação, com 13 cursos.
Coimbra investiu em um modelo de ensino baseado na pesquisa e na dedicação exclusiva dos professores, uma inovação para a época.
Nos anos que esteve à frente da instituição, prezou pela pluralidade da produção científica. Em meio à Guerra Fria, juntou pesquisadores americanos e soviéticos.
Em 1973, por ser contrário à intervenção dos militares na UFRJ, Coimbra foi afastado da direção. Só retornou com o fim da ditadura.
O professor acreditava no papel da educação e da pesquisa científica para o desenvolvimento do país. Ao longo da carreira, articulou diversas parcerias entre a universidade e importantes empresas.
Em 1995, com Coimbra já aposentado, a Coppe foi rebatizada em sua homenagem: passou a se chamar, oficialmente, Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia.
O professor morreu no dia 16, aos 94 anos. Deixa a esposa, Marlene, os filhos, Carlos Alberto, João e Alberto Felipe, e as três netas, Betty, Ana Bárbara e Geovanna.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.