Em Vitória, há uma técnica infalível para saber se uma pessoa nasceu na cidade. Basta perguntar se ela conhece seu Ermelino, da loja que leva o seu nome.
Se a resposta for negativa, é sinal de que você está conversando com um forasteiro.
Ermelino de Souza nasceu em Alfredo Chaves, no interior capixaba. Mudou-se para a capital aos 18, com o sonho de servir ao Exército. Teve que refazer os planos quando sua admissão foi negada.
Em 1958, depois de muito trabalho no comércio, conseguiu abrir sua loja. Era uma portinha no centro de Vitória, onde vendia roupas masculinas.
Não foram poucos os homens capixabas que encomendaram ternos em suas mãos. Sempre de muito bom humor, atendia juízes, governadores e deputados, mas também trabalhadores que faziam um crediário para pagar seu primeiro paletó e conseguir uma ocupação.
Flamenguista de carteirinha, fez da loja um point de torcedores. Se havia jogo no domingo, na segunda, na hora do almoço, todos se reuniam na Casa Ermelino para comentar os lances da partida.
A paixão era tanta que, já na maternidade, suas filhas ganharam roupinhas do rubro-negro carioca.
Ermelino passou no último ano o controle da loja para sua filha mais nova, Claudia. Ainda assim, estava todos os dias por lá, conversando com os fregueses e observando o movimento. Neste ano, o comércio completou 60 anos de atividade na capital capixaba.
Morreu no dia 18, aos 90 anos, vítima de um câncer na bexiga. Viúvo de Vera, com quem foi casado por 60 anos, Ermelino deixa as cinco filhas, 11 netos e sete bisnetos.
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