Descrição de chapéu tragédia dos sem-teto

Prédio caiu enquanto homem era resgatado; veja momento da queda

Bombeiros fazem busca de possíveis vítimas sob os escombros do edifício

São Paulo

No momento em que o prédio em chamas no centro de São Paulo desmoronou na madrugada desta terça-feira (1º​), os bombeiros tentavam resgatar um homem ainda não identificado com auxílio de cordas. 

Este homem é a única vítima oficialmente contabilizada como desaparecida pelos bombeiros, embora moradores ainda relatem que uma mãe com dois filhos também esteja desaparecida. 

No começo da noite, 44 pessoas que haviam sido cadastradas em março entre os frequentadores do prédio ainda não tinham sido localizadas. Mas, como a rotatividade no local é alta, é possível que elas nem estivessem mais dormindo lá —assim como outras podem ter entrado desde então.

Segundo os bombeiros, uma equipe estava no alto de um dos prédios na rua Antônio de Godói, ao lado do edifício já em chamas ocupado por sem-tetos. Os bombeiros chegaram a lançar uma corda com um cinturão para um homem que se pendurava do lado de fora de uma das janelas. 

Ainda segundo os bombeiros, o homem tentava se prender à corda quando o prédio em chamas ruiu e o homem caiu junto com os escombros. Imagens da TV Globo flagraram a tentativa de resgate. 

Um incêndio de grandes proporções atingiu dois edifícios no largo do Paissandu, no centro de São Paulo, próximos à avenida Rio Branco. O fogo começou por volta das 1h30 e às 2h50 um dos prédios desabou, homem que caiu. Reprodução TV Globo
Momento em que bombeiros tentavam resgatar vítima que está desaparecida em SP - Reprodução TV Globo

Após o desabamento, uma grande nuvem de fumaça e fogo tomou conta do quarteirão. Nas redes sociais, é possível ver o momento da queda do prédio.

Durante a manhã desta terça, bombeiros encontraram a corda que havia sido lançada à vítima. É nesse local que os bombeiros focam as buscas pela vítima.

Moradores do prédio que desabou afirmam que o incêndio começou por volta da 1h30 após uma explosão no quinto andar. Eles desconfiam que se trate de um botijão de gás. Após a explosão, houve fogo e fumaça pelo prédio.

Durante a madrugada, o incêndio atingiu outros prédios no entorno da antiga sede da PF. Entre eles, a Igreja Martin Luther teve sua estrutura danificada. O templo é a primeira paróquia evangélica luterana da capital, inaugurada em 1908. 

O prédio que desabou era ocupado pelo movimento LMD (Luta por Moradia Digna). Segundo a prefeitura, cerca de 150 famílias com 400 pessoas que moravam no local haviam sido cadastradas anteriormente pela Secretaria de Habitação. Destas, 10% eram de estrangeiros.

Depois do incêndio, 92 famílias, com 248 pessoas, foram encaminhadas a abrigos pela prefeitura. 

A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros dizem que somente a perícia poderá confirmar as causas do incêndio. Bombeiros buscam por desaparecidos, moradores dizem que havia pessoas no topo do prédio no começo do incêndio. 

Foram enviados 160 agentes e 57 carros do Corpo de Bombeiros para a ocorrência, além de unidades da Polícia Militar, Samu, CET e Defesa Civil.

desabamento

O incêndio levou à queda do prédio devido à deformação dos pilares que sustentam a edificação, causada pela alta temperatura. "Nos edifícios de vários andares, nunca se vai conseguir, num incêndio como o de ontem, evitar que altas temperaturas degradem resistência das estruturas", explica o professor de Estruturas de Concreto na Escola Politécnica da USP, Henrique Campelo.

No caso do concreto, é preciso que a temperatura ultrapasse os 800°C para que o material comece perder sua resistência, fazendo com que esses pilares –os principais responsáveis pela sustentação do edifício, desde sua fundação até o topo– cedam.

Para o engenheiro civil Percival Camanho, no incêndio desta madrugada as temperaturas ultrapassaram 1.000°C, uma vez que não há estilhaços de vidro nos escombros, pois a essa temperatura o material vira líquido.

Ele também explica que o fato de o foco ter sido no quinto andar, conforme os relatos de moradores, piorou o cenário. "À medida que rompe o pilar, gera instabilidade, o que pode provocar o desabamento de todo edifício. Quanto mais baixo o andar em que foi atingido, pior as consequências."

Fabrício Lobel
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