Temer diz não se incomodar após ser hostilizado em desabamento de SP

'O importante era o gesto de autoridade', afirmou o presidente

Brasília

O presidente Michel Temer disse "não ter se incomodado" com as hostilizações das quais foi alvo na terça-feira (1º) ao visitar o local onde um prédio desabou no centro de São Paulo.

"Eu não me incomodo com isso, o importante era o gesto de autoridade. Você é presidente da República, num caso como esse, convenhamos, uma tragédia das mais dramáticas, e com gente naturalmente muito carente, muito pobre. Eu estando em São Paulo e não comparecer lá, seria objeto de críticas", disse.

Temer afirmou que já esperava ser alvo de "alguma hostilidade" e que o Brasil precisa "tomar critérios de educação cívica".

 

Questionado pela imprensa sobre se o governo federal vai liberar algum recurso para o apoio das famílias que moravam no prédio que desabou, Temer disse que isso será visto com o ministro da Integração, Antonio Pádua.

​​ "Vou verificar com ele, não tenho notícia ainda, o que eu determinei foi que desse toda assistência necessária." ​

 

O presidente visitou o local do desabamento na manhã de terça, no Largo do Paissandu. Ele deu uma breve declaração e deixou o local sob protestos e gritos de "golpista".

O carro em que estava o presidente foi chutado e atingido por objetos arremessados por moradores e deixou o local às pressas. "Não poderia deixar de vir, sem embargo dessas manifestações, afinal estava em São Paulo e ficaria muito mal não comparecer", disse Temer na terça.

O edifício Wilton Paes de Almeida, no largo do Paissandu, foi engolido pelo fogo na madrugada desta terça (1º), após uma explosão no 5º andar —há suspeita de que ela esteja ligada a um botijão de gás, e moradores citam uma discussão entre um casal morador.

O desabamento ocorreu enquanto um homem que tentava ajudar outras pessoas era resgatado do 8º andar. Ele caiu em meio às chamas e à fumaça —​e não foi mais localizado.

Moradores suspeitavam do desaparecimento de uma mulher com crianças gêmeas. As equipes continuavam com as buscas por eventuais sobreviventes ou por vítimas. "Existem pessoas que estão desaparecidas, mas não temos como dizer se elas estão ali dentro", afirmou Marcos Palumbo, capitão dos bombeiros.

O prédio que desabou pertence à União, já foi sede da Polícia Federal, estava cedido à Prefeitura de São Paulo e se tornou alvo de seguidas invasões desde os anos 2000. ​

​​​​Ocupado atualmente pelo movimento LMD (Luta por Moradia Digna), abrigava 146 famílias, com 372 pessoas, segundo Palumbo —​10% dos ocupantes eram estrangeiros. ​

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