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Vizinhos de prédio que caiu se abrigam em casas de parentes e hotéis

Na rua, famílias reclamam da falta de assistência; 5 imóveis estão interditados

Casal de comerciantes João Jose dos Santos Júnior com a mulher Verônica Antônio de Souza com os sacos de roupas que conseguiram tirar do apartamento onde moram
Casal de comerciantes João Jose dos Santos Júnior com a mulher Verônica Antônio de Souza com os sacos de roupas que conseguiram tirar do apartamento onde moram - Robson Ventura/ Folhapress
Regiane Soares
São Paulo | Agora

​Moradores de dois prédios vizinhos do edifício Wilton Paes de Almeida, no largo do Paissandu, na região central de São Paulo, estão fora de seus apartamentos desde a madrugada da tragédia e não sabem quando poderão voltar.

Eles moram nos edifícios Caracu e Itapeva, que ficam na rua Antônio de Godói, uma travessa do largo do Paissandu, onde alguns imóveis estão interditados. Eles disseram que estão abrigados na casa de parentes, amigos e até em um hotel.

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Pelas contas dos moradores, os dois prédios somam cerca de 140 apartamentos. O edifício Itapeva é o menor deles, com 36 unidades, mas não está interditado pela Defesa Civil. Por isso, os moradores não entendem porque estão proibidos de entrar nos imóveis e lamentam a falta de assistência.

O engenheiro Guilhermo Salazar, 40, mora no edifício Itapeva e desde a madrugada da tragédia está abrigado com a família na casa da sogra, uma quitinete de 16 metros quadrados onde dormem seis adultos e três crianças. “Até ontem [quinta (3)] a prefeitura nem sabia da nossa existência, e até agora estamos sem nenhum respaldo. Nem um copo de água”, disse.

O gerente de marketing João Tadeu Kebenlian, 59, foi nesta sexta (4) tentar retirar roupas do apartamento onde mora, no edifício Itapeva, pois saiu só com uma bolsa, na madrugada de terça-feira (1º). “Estou dormindo na casa da minha irmã, pois não tivemos assistência”, disse.

O edifício Caracu é o maior deles, com mais de cem unidades. O imóvel é um dos cinco interditados pela Defesa Civil e é por onde os bombeiros estão trabalhando para chegar aos escombros.

O casal de comerciantes João José dos Santos Júnior, 48, e Verônica Antonio de Souza, 38, foram nesta sexta buscar roupas no apartamento onde moram, no primeiro andar. “Estamos na casa de amigos sem previsão de voltar e sem nenhum atendimento”, disse João.

A Prefeitura de São Paulo, sob a gestão Bruno Covas (PSDB), disse que está fazendo o atendimento às famílias que moram nos prédios vizinhos ao edifício Wilton Paes de Almeida. Segundo a administração, será oferecido auxílio-aluguel até que elas possam retornar para casa. Porém, não informou o valor do benefício nem quando estará disponível.

Sobre o edifício Itapeva, a prefeitura disse que o imóvel não está interditado, mas foi “incluído no perímetro de acesso restrito delimitado pelo Corpo de Bombeiros para que a corporação atue na ocorrência”.

A prefeitura não respondeu o questionamento da reportagem sobre a demora no atendimento a essas famílias nem disse se os moradores do edifício Itapeva receberão o auxílio-aluguel.

A Defesa Civil disse na sexta que cinco imóveis nas proximidades do edifício Wilton Paes de Almeida permanecem interditados por falta de segurança. Um deles é a Igreja Evangélica Luterana, que fica ao lado do prédio e foi parcialmente destruída.

Outros dois prédios ficam nos números 8 e 26 da rua Antônio de Godói —um deles em frente ao edifício que desabou e foi atingido pelo fogo. Porém, os engenheiros da Defesa Civil avaliaram que não há risco iminente de colapso do prédio.

O quarto imóvel interditado totalmente é o edifício Caracu, que fica no número 35 da rua Antônio de Godói. Segundo a prefeitura, ainda não há previsão para liberação total do prédio. O quinto imóvel interditado fica no número 132 do largo do Paissandu. A Defesa Civil disse que continua monitorando os imóveis.​

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