Em 4 dias, chega a 60 o número de ônibus incendiados em Minas

Na Grande BH, dois coletivos foram queimados na madrugada desta quarta

Carolina Linhares
Belo Horizonte

Chegou a 60 o número de ônibus incendiados em 29 cidades do estado de Minas Gerais nesta quarta-feira (6). A Polícia Militar informou que não divulgará detalhes sobre as ocorrências para não prejudicar as investigações em curso. 

Durante a madrugada, dois ônibus foram incendiados na cidade de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. A onda de ataques começou no domingo (3) e atingiu também delegacias, agências bancárias e dos correios, câmara municipal e veículos de agentes penitenciários. Não houve feridos.

Segundo o governador Fernando Pimentel (PT), os ataques partiram de uma facção criminosa que atua em todo o país. A polícia já prendeu 39 suspeitos de ligação com os crimes, e apreendeu outros 20 menores. 

Pouco depois da meia-noite, um ônibus que seguia para a garagem foi incendiado no bairro Lagoa, em Ribeirão das Neves. O motorista foi rendido e o veículo ficou completamente destruído. Foi necessária a ação do Corpo de Bombeiros e da Cemig (concessionária de energia do estado), já que o fogo se alastrou pela rede elétrica da rua. 

Mais tarde, por volta de 4h40 desta quarta, outro ônibus foi queimado no bairro Veneza, também em Ribeirão das Neves. O fogo destruiu apenas a cabine do ônibus e foi controlado pelo próprio motorista.

 Entre domingo e segunda (4), outros três ônibus já haviam sido incendiados na região metropolitana. As regiões mais atingidas, porém, foram o Triângulo Mineiro e o sul de Minas, onde há mais presos do PCC (Primeiro Comando da Capital). O governo não quis mencionar qual facção determinou os ataques.

Bombeiros apagam fogo em ônibus
Ônibus queimado em Uberaba, em Minas Gerais - Divulgação/Corpo de Bombeiros

SUPERLOTAÇÃO

Especialistas consultados pela Folha indicam a superlotação dos presídios mineiros como um sinal de que os ataques podem ser uma reivindicação de melhorias. A população carcerária do estado é de 71.433 presos, segundo a secretaria que faz a gestão do sistema prisional. Porém, o número de vagas nas 200 unidades prisionais do estado é de 35.886.

O secretário de Segurança Pública, Sérgio Menezes, admitiu que faltam vagas e que é preciso equacionar o problema, mas afirmou que Minas ainda é referência no país.

Ele mencionou o uso de bloqueador de celular em uma das 200 penitenciárias do estado como exemplo de insatisfação de membros da facção criminosa. 

Menezes afirmou que uma ligação dos ataques com crimes no Rio Grande do Norte também está sendo estudada, mas que a rede envolve outros estados. O coronel Helbert diz que o estado de São Paulo está sendo envolvido na investigação, por exemplo.

"É uma ligação do sistema prisional que há ligação com outros estados, não especificamente o Rio Grande do Norte", disse o secretário. No sábado (2), um ônibus foi queimado em Natal e um policial militar foi assassinado em Parnamirim (RN).

No domingo (3), um ônibus foi parcialmente queimado em São Gonçalo do Amarante (RN). As investigações sobre os casos estão em curso no estado.

REFORÇO

A investigação em Minas está sob sigilo envolve uma força-tarefa de inteligência entre as polícias, incluindo a Polícia Federal. 

Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas informou que equipes da Polícia Civil trabalham para esclarecer a onda de ataques, e que o policiamento foi reforçado em cidades que já registraram ataques.

Segundo afirmou, policiais militares estão à paisana em ônibus e pontos de parada do transporte coletivo para conter ações e identificar suspeitos.

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