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Metrô de SP recebe nova geração de funcionários com sonho de carreira

Jovens já operam nas estações, na segurança e até no controle dos trens

Agentes de estação Leandro, 19, e Thamara, 24; ele prestou concurso aos 17 e é o mais novo funcionário do Metrô, enquanto ela seguiu os passos da mãe
Agentes de estação Leandro, 19, e Thamara, 24; ele prestou concurso aos 17 e é o mais novo funcionário do Metrô, enquanto ela seguiu os passos da mãe - Rubens Cavallari - 25.mai.18/ Folhapress
William Cardoso
São Paulo | Agora

Desde as plataformas até as cabines dos trens, uma nova geração de funcionários tem assumido a responsabilidade de deixar o Metrô nos trilhos futuro adentro. Apenas 1 em cada 10 funcionários da operação tem 29 anos ou menos, mas eles já se destacam em seus postos.

Embora ainda sejam minoria, não é incomum encontrar os funcionários mais jovens lidando diretamente com o público. É por ali que eles começam a carreira no Metrô, seja como agentes de segurança ou de estação.

Entre eles está Gabriel Leandro Pisteco Galbossera, que prestou concurso quando tinha 17 anos e, hoje, com 19, é o mais novo funcionário da companhia. “Temos grandes funcionários e os melhores que conheço entraram bem novos. Vejo isso como uma oportunidade. Entrei mais por gosto, mesmo. Desde criança, sempre tive bastante interesse por sistemas metroviários e trens”, diz.

Morador de Mogi das Cruzes, na Grande SP, Galbossera é agente na estação Adolfo Pinheiro, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo. São 2 horas e 20 minutos para chegar ao serviço, usando trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e do metrô.

De tanto ver o sofrimento do povo no transporte público, o “caçula” entre os metroviários quer colaborar para melhorar o serviço. “A gente tem uma rede pequena ainda. Acho que o futuro da minha carreira é ajudar o Metrô a crescer. Quem depende de ônibus sofre muito”, fala.

O cargo de agente de segurança é o primeiro emprego de Ariane Souza, 21. Ter passado no concurso foi também uma realização familiar. A mãe dela havia tentado no passado entrar na companhia, mas não prestou o teste físico e acabou fora da disputa pela vaga.

No terceiro ano de biomedicina, Ariane afirma que é um objetivo ficar na empresa pelos próximos anos. “Temos um bom ambiente e a possibilidade de crescer profissionalmente”, diz.

DE FAMÍLIA

A vontade de trabalhar no metrô pode ser algo que está no sangue. Entre os funcionários mais jovens, não são poucos aqueles que têm nos laços de família, seja por pais ou tios, um vínculo antigo com a companhia.

O agente de segurança João Delgado, 21, é o quarto da família a trabalhar no Metrô. “Sempre ouvi falarem bem”, afirma o rapaz, que tem três tios metroviários e, quando prestou concurso, aos 17 anos, o fez ao lado de cinco parentes.

O apoio da família também foi fundamental para a agente de estação Thamara Sousa, 24, optar pela empresa. “A minha mãe é metroviária, eu já conhecia os benefícios. O meu pai também sempre gostou da companhia”, afirma.

Formada em geografia e com duas pós-graduações, Thamara já se imagina seguindo carreira. “É possível conciliar com as atividades do metrô”, fala.

LUZES E BOTÕES

O mais jovem operador de trem do Metrô tem hoje 25 anos, mas entrou na companhia aos 18 anos, como agente de estação. Henry Kato prestou concurso interno e está há seis meses à frente do painel de controle das composições, circulando pela linha 1-azul.

Formado em tecnologia e sistemas eletrônicos, Kato cursa engenharia eletrônica. O interesse pela cabine de comando do trem, cheia de luzes e botões, foi algo natural. “Meus colegas na faculdade têm curiosidade sobre como funciona”, diz.

A rotina de Kato começa às 7h, no Jabaquara. De lá, ele parte para a primeira de quatro voltas até a estação Tucuruvi, de onde sempre retorna, encerrando a jornada após oito horas e meia.

Segundo Kato, um dos pesadelos de um operador é o atropelamento de um usuário, seja após queda acidental ou um suicídio. “No treinamento, temos até um módulo sobre isso”, diz.

Mas também há muita alegria no dia a dia. “Você vê o brilho no olhar das crianças e é algo fantástico. Sempre que posso, dou um tchauzinho, um sorriso.” 

VETERANO

O agente de estação mais antigo do Metrô entrou na empresa em 1981. É José Aparecido Favarin, 68, que chegou à empresa como agente de segurança, desde 1989 é supervisor de estação e se inscreveu agora em um programa de demissão voluntária com resultado previsto para sair até setembro.

“O Metrô sempre se preocupou em dar para o funcionário treinamento, plano de saúde. Isso traz muita segurança. É possível ter uma vida particular muito boa.”

Segundo ele, agentes de segurança atuais são mais bem preparados que antigamente. “Usávamos muito o argumento, não tínhamos os equipamentos que eles têm hoje”, afirma.

Do tempo de trabalho, Favarin faz questão de ressaltar as amizades criadas na empresa, como a com Djalma Nascimento. “Ele convive comigo há 36 anos. É um período mais longo que o casamento dele”, brinca.

Entre as três filhas, todas formadas, só uma passou pelo Metrô, ainda como estagiária de jornalismo. “Posso assegurar que, durante esse tempo aqui, semeei e colhi bons frutos.” 

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