Descrição de chapéu Obituário Paulo Afonso Perez (1960 - 2018)

Mortes: Ator e bailarino, encantou nos palcos de SP e Araraquara

Repleto de bordões, Paulo nasceu para estar em cena

Thaiza Pauluze
São Paulo

Paulo foi Pedro, Carlos, Solias, Dom Quixote, Zeca Diabo. No palco, se revezava entre ser ator, bailarino, diretor, cenógrafo, figurinista.

Da mistura de sapatos, blazers e lenços surgia o estilo underground. Da garganta vinha o grito marcante para impulsionar os colegas: "5, 6, 7, 8, bicha, vai!", dizia.

A infância, porém, seguiu os moldes tradicionais do interior paulista. Formou-se no Tiro de Guerra e foi para a capital. 

Cursou jornalismo, mas "queria mesmo fazer balé e teatro". Só que numa família com quatro homens, nos idos dos anos 1980, "ia apanhar bastante", disse. Mas, ao assistir o espetáculo "Paixão", do espanhol Victor Navarro, o menino se apaixonou pelo ofício e pela companhia —que faria parte anos depois.

A parentada só soube que Paulo dançava de collant em vez de ir à universidade quando ele já estava em cena no Theatro Municipal. "Aí não teve jeito", conta o irmão Humberto. "Todo mundo viu que ele nasceu para aquilo."

"E aí, véi", ele diria, em mais um bordão, foi parar em grandes montagens. Entre elas "A Estrela Dalva", com Marília Pêra, e "O Fantópera da Asma", com Lucinha Lins. Se tornou também um dos maiorais do teatro Paiol, no centro, nas duas décadas em que se dedicou a encantar crianças.

Agora, "só descanso em paz se eu quiser. Você não me manda", completaria, segundo os amigos, que colocaram a frase numa coroa de flores durante o velório do ator, que reuniu cerca de 2.000 pessoas no teatro Ruth Escobar.

No dia 5, as cortinas se fecharam no último ato, aos 58. Tratava problemas no fígado e pâncreas, agravados por uma pneumonia e seu hábito de fumar. Deixa cincos irmãos, a mãe e muitos fãs.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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