Descrição de chapéu Obituário Neide Aparecida de Vita (1963 - 2018)

Mortes: Uma vida dedicada a ajudar quem vive nas ruas de SP

A voluntária Neide de Vita foi sem-teto por quase dez anos

Mariana Zylberkan
São Paulo

Em janeiro do ano passado, a então voluntária Neide de Vita pegou um colchão e um cobertor e, por um período de tempo, dormiu na praça 14 Bis, na região central de São Paulo, para se aproximar dos moradores de rua que ocupavam o local.

Diante da previsão de remoção das famílias, ela decidiu ajudar nas negociações.

Além da grande vontade de ajudar, tinha uma dedicação à população de rua inevitável, já que ela mesma tinha sentido na pele as dificuldades de não ter onde morar. 

Neide Aparecida de Vita (1963-2018)
Neide Aparecida de Vita (1963-2018) - Arquivo Pessoal

Sem-teto por quase dez anos, Neide lutava pelos que não têm acesso a quase nenhum direito na cidade. “Ela dizia apenas que salvava vidas”, diz o filho Glauco de Vita. Ele e as duas irmãs cresceram separados da mãe, que teve dificuldades em criá-los após ter sido abandonada pelo marido ainda grávida.

Após uma vida separados, mãe e filho tinham voltado recentemente a conviver até a morte violenta de Neide, na madrugada do último domingo (27). “O que ela não teve condições de fazer pela gente, fazia pelos outros”, diz Glauco.

Ela voltava para casa a pé pela avenida Duque de Caxias, próximo da cracolândia, onde tantas vezes passou para ajudar quem dormia ao relento, quando foi atacada por um usuário de drogas que tentou roubar seu celular.

O engajamento com a causa dos sem-teto levou Neide a integrar o comitê municipal voltado aos moradores de rua. Também dava oficinas a usuários de drogas. 

“Ela participou da primeira turma do Trabalho Novo [capacitação profissional a sem-teto]. Ela irradiava alegria a cada turma formada”, lembra o secretário de Assistência Social, Filipe Sabará. 

Neide deixou os filhos Glauco, Aline e Mariana. 

coluna.obituário@grupofolha.com.br

 


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