Quando o primeiro supermercado do Espírito Santo foi inaugurado em Vitória, em 1959, ninguém sabia muito bem o que fazer. Os clientes, muito acostumados às mercearias de bairro, estranharam aquela imensidão de produtos nas prateleiras.
Afinal, a quem era preciso pedir a farinha ou o feijão? E as frutas? Onde paga? E fiado, dá para fazer?
O responsável por trazer a novidade para a capital capixaba foi Antonio Neffa Sobrinho. Depois de uma viagem a São Paulo, onde viu pela primeira vez um supermercado, ele decidiu inovar e transformar o armazém de secos e molhados da família.
Pioneirismo, aliás, era marca registrada de Neffa. Ele também foi responsável por fundar o primeiro hotel de grande porte de Vitória e foi um dos precursores no uso de computadores em empresas, já na década de 1970.
Uma das suas maiores contribuições, porém, é mais simbólica. Pensando no dia a dia cada vez mais corrido das famílias, Neffa resolveu passar a vender no mercado a famosa torta capixaba, prato típico tradicionalmente servido na semana santa.
A moda pegou e, hoje, quase todos os mercados do Espírito Santo vendem a iguaria.
Mesmo na velhice e com dificuldade de locomoção, Neffa visitava diariamente as lojas —hoje são sete supermercados na Grande Vitória. No seu carrinho elétrico, visitava todas as seções e conversava com todos os funcionários.
Em 2018, a rede São José, que nasceu como armazém, completou 100 anos. É uma das poucas empresas centenárias do país.
Neffa morreu no dia 23, aos 91 anos. Viúvo de Maria Helena, deixa os quatro filhos e os sete netos.
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