Descrição de chapéu USP

Muro de vidro da USP é quebrado mais uma vez; polícia investiga dano

Dez painéis já foram danificados desde inauguração parcial da estrutura

Estilhaços de painel de vidro quebrado nesta quinta-feira (7)
Estilhaços de painel de vidro quebrado nesta quinta-feira (7) - Joel Silva/Folhapress
São Paulo

O muro de vidro da raia olímpica da USP, entre a marginal Pinheiros e a Cidade Universitária, na zona oeste da capital paulista, amanheceu nesta quinta-feira (7) com mais uma placa quebrada.

Essa é a quinta vez que a estrutura é danificada —dez painéis já foram encontrados estilhaçados— desde sua inauguração parcial, em abril. Segundo a Polícia Civil, uma equipe de peritos já esteve no local para iniciar a investigação sobre o que pode ter causado o dano.

O trabalho dos peritos causou congestionamento no local porque foi preciso interditar uma faixa da marginal no sentido Interlagos. Um boletim de ocorrência foi registrado no 91º DP (Butantã), mas ninguém foi detido.

No dia 28 de abril, um homem que morava na rua foi preso suspeito de ter furtado uma das colunas de alumínio da estrutura. Segundo os agentes da Guarda Civil Metropolitana, o suspeito havia acabado de quebrar duas placas de vidro para retirar a coluna. Ele foi levado para o 91º DP, onde foi registrado boletim de ocorrência por furto qualificado.

A Polícia Civil abriu inquérito para investigar se o homem preso também foi responsável pelos danos causados em outras ocasiões.

Desde a intensificação da quebradeira, a estrutura passou a ser vigiada por guardas-civis e por um segurança privado da USP. No futuro, a região também será monitorada por câmeras.

Ao todo, o muro terá 2,2 km de placas de vidro. Cada placa é avaliada em R$ 4.000. A obra é arcada por doações feitas por 45 empresas à USP ao custo de R$ 15 milhões.

ESPECULAÇÕES

Além de vandalismo, as especulações sobre os estragos se multiplicam: vão de pedras e tiros a trepidações provocadas pelos caminhões que trafegam apenas de madrugada na via ao lado. Há até quem aposte em impacto provocado por pássaros desorientados. Adesivos que lembram urubus foram colados nos vidros como uma forma de orientação para reduzir a mortalidade das aves no entorno.

Até as capivaras em torno da raia são suspeitas. “Está virando rotina e não sabemos o que pode estar causando os danos”, diz José Neto, supervisor da raia.

O muro de vidro foi anunciado pela gestão do então prefeito João Doria (PSDB) em julho do ano passado como uma maneira de revitalizar a região da marginal e “integrar a Cidade Universitária à cidade”.

MANUTENÇÃO

Ainda não está claro quem arcará com as contas de manutenção do muro. Segundo a USP, essa parte do contrato ainda está em negociação —por enquanto, as trocas dos vidros são feitas pelas empresas doadoras.

Com as contas no vermelho, a universidade, portanto, corre o risco de ter que sustentar a manutenção do “presente” dado pela prefeitura.

Em abril do ano passado, a reitoria abriu chamamento público para revitalizar a raia olímpica. O pedido de doações de empresas foi formalizado sob o argumento de que a crise financeira impedia novos investimentos no campus.

Inaugurada em 1973, a raia olímpica teve poucas melhorias desde a realização da 1 Regata Internacional, naquele ano. O chamamento público feito pela reitoria no ano passado previa várias reformas além do muro: dos galpões onde ficam os barcos, da barragem que forma a raia e a instalação de uma pista de corrida na margem.

Sem interessados, a USP prorrogou por três vezes o chamamento público. Apenas a substituição do muro, portanto, foi contemplada devido a iniciativa da prefeitura.

O projeto original previa a substituição do muro por gradis, mas foi alterado após estudo que previu maior poluição sonora e sugeriu substituição de material.

A USP afirma que, por enquanto, aguarda o interesse de alguma empresa que se disponha a arcar com os valores da manutenção, após o término da instalação dos vidros.

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