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Policial é assassinado, e mãe dele morre após identificar o corpo no Rio

Militar foi cercado por cinco homens e assassinado a tiros em Duque de Caxias

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O sargento da PM Rio Douglas Fontes Caluete com sua mãe, Maria Fontes
O sargento da PM Rio Douglas Fontes Caluete com sua mãe, Maria Fontes - Reprodução
 
Duque de Caxias (RJ)

Uma dupla tragédia ocorreu na madrugada desta quinta-feira (7) com a família de um policial militar em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no Rio.

O sargento da PM Rio Douglas Fontes Caluete, 35, foi assassinado durante uma tentativa de assalto e, horas mais tarde, a mãe dele passou mal e morreu após identificar o corpo do filho. Maria José Fontes, 56, chegou a ser encaminhada a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), mas, logo ao chegar lá, sofreu um infarto e não resistiu. Caluete e sua mãe serão sepultados nesta sexta-feira (8). 

O sargento tinha 12 anos na polícia e foi morto em um dia de folga. Ele levava a namorada para casa de carro quando cinco homens cercaram o veículo e ordenaram que os ocupantes desembarcassem. Pelo menos dois homens carregavam fuzis. Quando perceberam que era um policial, já que avistaram a sua arma, o PM foi obrigado a se deitar no chão e foi morto a tiros em seguida. A namorada conseguiu fugir.

Na tarde desta quinta-feira, em frente ao imóvel da família, em Duque de Caxias, o único irmão de Caluete, o encarregado de produção Rômulo Fontes Caluete, 33, contou que estava no trabalho quando recebeu uma ligação de seu pai. Ele avisou que seu irmão havia sido baleado e sua mãe estava passando mal.

Segundo Rômulo, seu irmão era conhecido na região e também muito querido. Pai de um casal de filhos, de cinco e oito anos, Caluete é descrito como amoroso, tranquilo e muito apegado à família. "São dois vazios agora no meu peito", disse ele. "Meu irmão era muito querido e amava o que fazia".

O irmão responsabiliza os políticos pela violência no estado do Rio. Ele diz que não há interesse dos governantes em proteger seus policiais e combater de forma efetiva a criminalidade. "Se os políticos não pensassem só no seu próprio umbigo, talvez meu irmão e outros tantos pudessem estar vivos hoje."

Abalado, Rômulo ainda afirmou não havia encontrado forma de contar para seus próprios filhos sobre a morte do tio. "Eu nem fui para casa ainda. Nem sei o que dizer para os meus filhos, que eram muito apegados ao Douglas [ Caluete]", disse.

Mais um PM morto

Horas após a morte de Caluete, um segundo policial militar foi morto em Duque de Caxias. Lotado no Batalhão da Maré, zona norte da capital fluminense, o sargento Robson Airon Coelho, 49, foi morto enquanto estava de folga em um bar do bairro Chácara.

Homens armados teriam passado de carro atirando. O PM chegou a ser levado para o hospital pela sua esposa, mas não resistiu. Coelho estava havia 20 anos na PM, e deixa esposa e cinco filhos.

Com esses dois casos, subiu para 55 o número de policiais militares assassinados neste ano no estado.

O estado do Rio está sob intervenção federal na segurança pública desde 16 de fevereiro. A medida, inédita, foi anunciada pelo presidente Michel Temer (MDB), com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.

Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto, que atua como chefe das forças de segurança do Estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando.

O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o Estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado. 

Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição.

A falta de estrutura atinge em cheio o moral da tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. Somente no ano passado 134 policiais militares foram assassinados no estado. 

Policiais, porém, também estão matando mais. Após uma queda de 2007 a 2013, o número de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial está de volta a patamares anteriores à gestão de José Mariano Beltrame na Secretaria de Segurança (2007-2016). Em 2017, 1.124 pessoas foram mortas pela polícia.

Apesar de contar com o apoio da população, a intervenção ainda não obteve resultados significativos na melhora dos indicadores de violência urbana no estado. O assassinato da vereadora Marielle Franco, em março e ainda sem ninguém preso, e a chacina de cinco jovens em Maricá foram dois crimes de repercussão que ocorreram na vigência da intervenção.

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