Artista plástico francês é morto em sítio em Paraty

Polícia do Rio investiga se ele foi vítima de intolerância religiosa

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O artista plástico francês Cedric Alexandre Vacherie
O artista plástico francês Cedric Alexandre Vacherie - Reprodução
Rio de Janeiro

​​A Polícia do Rio investiga se o francês Cedric Alexandre Vacherie Jaurgoyhen foi vítima de crime de intolerância religiosa. O corpo do homem de 33 anos foi encontrado na sexta (13) no sítio em que morava em Paraty, Costa Verde do Rio. Ele foi assassinado com um tiro de espingarda na cabeça e a casa foi incendiada.

O sítio ficava numa área de mata em Barra Grande, zona rural da cidade. Jaurgoyhen era praticante do candomblé. Há dez anos no Brasil, ele era artista plástico e também dançava.

A polícia já realizou uma perícia no local do crime e vizinhos estão sendo ouvidos pelos investigadores. De acordo com policiais, o crime teria ocorrido na quinta (12).

O francês morava no centro da cidade turística e se mudou para o sítio há cerca de dois anos. Ele pretendia construir lá um centro ecológico.

Os pais de Jaurgoyhen estão no Brasil. O corpo do francês será enterrado em Cannes e deve ser transferido ainda nesta semana para a cidade francesa.

Violência em Paraty

Paraty sofre com o crescimento da violência. Os índices de letalidade violenta, indicador que soma ocorrências de homicídios dolosos (quando há intenção de matar), mortes por ação policial, latrocínio (roubo seguido de morte) e lesão corporal seguida de morte, subiram na cidade. Segundo o ISP (Instituto de Segurança Pública), o município saltou de 24 ocorrências, em 2012, para 31, no ano passado.

Segundo o Mapa da Violência, com dados de 2012 a 2014, a cidade tem o pior índice de assassinatos do Estado do Rio —média de 60,9 mortes para cada 100 mil habitantes. A média nacional é de 29,1.

Policiais e o Ministério Público atribuem a maioria dos assassinatos à disputa entre traficantes. As favelas vizinhas Ilha das Cobras e Mangueira são controladas por facções rivais, Comando Vermelho e Terceiro Comando.

"Eu diria que 90% das mortes aqui são por conta dessa guerra. Paraty não é diferente do que ocorre no Estado do Rio de Janeiro", diz o promotor Vinicius Ribeiro.

Outro fator que tem assustado moradores é uma recente onda de furtos e roubos a casas e ao comércio.

CRISE NA SEGURANÇA

Devido a uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública, o estado do Rio está sob intervenção federal na segurança pública desde o último dia 16 de fevereiro. A medida, inédita, foi anunciada pelo presidente Michel Temer (MDB), com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.

Desde junho de 2016, o Estado está em situação de calamidade pública. Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e faltam equipamentos como coletes e munição. Há carros das corporações sem combustível. Somente no ano passado, 134 policiais militares foram assassinados no estado.

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