Lotes de soja e papel escondiam 839 kg de cocaína no porto de Santos

Há duas semanas mais de 800 kg da droga foram achados em outros dois contêineres

Marcelo Toledo
Ribeirão Preto

A movimentação suspeita de um caminhão no pátio de um terminal do porto de Santos levou agentes de fiscalização a apreenderem 509 quilos de cocaína na noite desta terça-feira (3). Pouco depois, outro lote, com 330 quilos, também foi flagrado num contêiner. 

Com as duas ações desta terça –que totalizam 839 quilos–, já ocorreram 18 grandes apreensões de cocaína no porto do litoral paulista somente neste ano, com um total de 7 toneladas da droga.

 

Os agentes detectaram a ação suspeita de um caminhão próximo a contêineres no terminal e deflagraram a operação, envolvendo Polícia Federal, Receita Federal, Guarda Portuária e Polícia Militar.

Próximo ao local em que estava o caminhão foram achadas 16 bolsas esportivas pretas, com os 509 quilos de cocaína, num contêiner carregado de proteína de soja a granel que iria para Bilbao (Espanha), com baldeação em Antuérpia (Bélgica).

A partir da primeira apreensão, os agentes fizeram novas fiscalizações e encontraram num segundo contêiner outras oito bolsas esportivas, do mesmo tipo, e quatro sacos de ráfia, todos com cocaína e cujo peso atingiu 330 quilos.

O segundo contêiner tinha como destino o porto de Valência (Espanha) e carregava papel em seu interior.

As apreensões desta terça foram feitas duas semanas após outros dois contêineres contendo suco de laranja e amendoim serem abertos por esconder 828,7 quilos de cocaína no porto.

O volume de drogas apreendidas tem crescido a cada ano. Em 2016, foram 10,6 toneladas de cocaína e, no ano passado, o volume alcançou 11,5 toneladas, segundo dados da Receita Federal.

Lotes de produtos como açúcar, sal, café, amendoim, fubá, miúdos de frango e até cabeças de suíno com focinho têm sido utilizados para esconder cocaína que traficantes tentam enviar principalmente para a Europa a partir do porto de Santos, o principal do país e por onde passa cerca de 30% do comércio exterior brasileiro.

As quadrilhas usam geralmente volumes de fácil retirada dos contêineres, como mochilas e bolsas de viagem, para tentar infiltrar a droga. Para facilitar a retirada no porto de destino e por não haver muito tempo para a colocação nos contêineres, ela normalmente é encontrada logo ao abri-los.

A contaminação, como os técnicos chamam, ocorre na maioria das vezes no trajeto até o porto, do armazém ou da empresa até chegar ao cais. Mas já houve tentativas pela via marítima também, com a droga sendo içada por navios de pequenos barcos que se aproximam nas madrugadas.

A prática mais comum, segundo agentes de repressão e funcionários ouvidos pela Folha, é cooptar quem trabalha na cadeia logística, de motoristas a empregados de armazéns e empresas de navegação, para facilitar a colocação da cocaína.

A Abtra (Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados) diz que as empresas exportadoras são vítimas da ação das quadrilhas do tráfico e que apoia o que for necessário para combater o tráfico de drogas.
 

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