Às quartas-feiras, jantava com filhos e netos. Às quintas, tomava chopp com os amigos e ex-colegas da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), onde trabalhou até se aposentar. Nos finais de semana, ia para Cartago, a fazenda onde ele dizia que "só plantava bons momentos", em Minas. Era um homem de hábitos.
Administrador, foi arquiteto e engenheiro para toda obra. Desenhou e redesenhou as ruas da fazenda —mais vezes do que os mapas e placas conseguiam acompanhar. Cada uma virava homenagem a um neto: via Carola, avenida Arthur.
Na família Belisário, os laços fraternos têm significado diferente. Primos de segundo, terceiro e quarto grau são apenas primos. Tios-avós e bisavós são apenas avós. Hugo não se deu por satisfeito e traçou toda a árvore genealógica, até a oitava geração.
Escreveu dois livros. Um sobre o pai, José, e outro sobre Raul de Caux, seu avô, um francês com ares de Dom Quixote que veio para o Brasil em 1895 fazer vinhos.
Também começou com uma ideia sua o Congresso dos Belisários, festa que reúne mais de 200 pessoas da família todo ano, desde 1976. Com sorte, era possível ouvir Hugo contando baixinho uma de suas muitas histórias em algum canto durante o encontro.
Este ano, perderá o ConBel pela primeira vez. O evento foi marcado para este sábado (28), mas Hugo morreu no dia 22 de julho, voltando de um almoço com os seus, aos 86 anos.
Ao genro Hélcio pediu, como se já soubesse seu destino, que colocasse uma garrafa de cerveja sobre seu caixão. "Muita gente pede cigarro, mas como eu não fumo...", disse.
Deixa a esposa, Regina, três filhos, sete netos e um livro por terminar.
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