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Motorista é morto após tentar ajudar casal no centro de SP

Vítima foi atingida na nuca; Uber diz que desativou condutor em 2017

Tatiana Cavalcani Alfredo Henrique
São Paulo | Agora

Um motorista de 36 anos morreu ao ser atingido por um golpe de garrafa na nuca na rua Avanhandava, no centro de São Paulo, após ajudar um casal vítima de roubo.

O suspeito pelo crime, um barman de 39 anos, foi preso em flagrante acusado de homicídio.

Com base nos relatos do casal, a polícia divulgou que o motorista morto era ligado à Uber. A empresa, porém, diz que ele havia sido desativado do aplicativo em março de 2017.  Sua última viagem registrada pelo aplicativo 99 ocorreu em 21 de fevereiro deste ano, segundo a empresa.

Segundo a Polícia Civil, antes de ser morto, o motorista Thiago Rigolin Peres, 36, auxiliou um casal que afirmou ter sido assaltado durante a madrugada na praça Roosevelt. “O casal o parou pedindo ajuda. Aí o motorista afirmou que era de um aplicativo e pediu para o casal embarcar”, afirmou o delegado assistente Yong Suc Choi, do 4º DP (Consolação), responsável pelo caso.

Quando Peres passava com o Nissam Versa preto pela rua Avanhandava, o casal disse ter reconhecido o trio que havia o assaltado. Neste momento, o motorista desembarcou do carro e foi até os bandidos “tirar satisfação”.

O casal relatou à polícia que, neste momento, o barman chegou por trás de Peres e o golpeou na nuca, com uma garrafa quebrada. Segundo imagens de uma câmera de vigilância, a vítima caminha com a mão na nuca, já ferida, em direção ao veículo, onde sentou no banco traseiro.

O barman permaneceu no local até a chegada da Polícia Militar e admitiu o crime. Porém, o acusado contou outra versão na delegacia.

Para o delegado Yong Suc, o preso informou que estava em um bar, bebendo com o chefe. Resolveu estender a noite indo a uma boate, mas foi assaltado no caminho. Quando voltava para informar ao chefe sobre o assalto, deparou-se com Peres e os assaltantes.

“Ele [acusado] afirmou ter socado dois suspeitos, que correram. Depois disse que o motorista, que estaria dentro do carro, era amigo dos bandidos e tentou o agredir e, por isso, o golpeou com a garrafa.”

As imagens já apreendidas pela polícia indicam que o motorista foi golpeado fora do carro, do outro lado da rua onde o veículo estava estacionado. “O golpe dado [na vítima] foi certeiro, forte e liso, foi dado para matar”, afirmou o delegado.

Segundo a polícia, o motorista conta com passagens criminais por roubo e tráfico. O barman também já foi indiciado, ao menos duas vezes, por agressão. O acusado será submetido a uma audiência de custódia, que irá determinar se ele responde o caso em liberdade. A defesa dele não foi localizada pela reportagem. 

Rua Avanhandava, no centro de São Paulo
Rua Avanhandava, no centro de São Paulo - Fabio Braga/Folhapress

Motoristas de aplicativos

Em São Paulo, levantamento feito pela Folha no ano passado mostra várias ocorrências envolvendo motoristas de aplicativos de transporte desde 2015. 

A maior quantidade de registros se referia a roubos, furtos e sequestros-relâmpago (319), conflitos com taxistas (153) ou acidentes de trânsito (135). Na maioria dos casos, os motoristas do aplicativo foram vítimas de crimes.

Entre as vítimas fatais da violência contra motoristas está Orlando da Costa Brito, 60 anos. Ele foi morto em um assalto em outubro de 2016 na avenida Interlagos, no Campo Grande, zona sul de São Paulo.

Segundo informações da polícia, a vítima era motorista de um aplicativo e levava um passageiro quando parou no semáforo do cruzamento. Nesse momento dois homens chegaram a pé e anunciaram o roubo.

O motorista acelerou e foi baleado. A dupla fugiu sem levar nada. Após Brito ser ferido, seu carro, um Chevrolet Meriva, bateu contra um poste de luz. A vítima foi levada ao Hospital Campo Limpo, mas morreu.

Em maio de 2017, um motorista da Uber foi encontrado morto com um tiro na cabeça dentro de seu próprio veículo, no Capão Redondo, zona sul de São Paulo.

O corpo do engenheiro Evandro Santos de Oliveira, 34, estava dentro de um Hyundai HB20 na rua Gonçalo Barros. Oliveira foi morto com um tiro na cabeça.

Pessoas que passavam pelo local e viram o corpo acionaram a polícia. De acordo com a PM, tanto o celular de Oliveira quanto sua carteira, com documentos, continuavam no local. Apesar disso, foi cogitada a hipótese de tentativa de assalto.

Três meses depois, Felipe Araújo Lopes, 30, também foi morto na capital paulista. Segundo testemunhas, o motorista do aplicativo de transporte teria se envolvido em uma briga com travestis, foi esfaqueado e não resistiu aos ferimentos. O crime ocorreu na esquina da avenida Indianópolis com alameda das Tacaúnas.

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que havia sido divulgado pela polícia e do que constava do título da reportagem, o motorista morto não tinha mais ligação com a Uber, da qual havia sido desativado em 2017. Os passageiros vítimas do roubo eram um homem e uma mulher, e não duas mulheres. 
 

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