Motorista embriagado atropela e mata cadeirante na zona norte de SP

Homem, que empurrava a cadeira de rodas da mulher, teve fraturas nas pernas e no braço

Motorista embriagado atropela cadeirante em rua na zona norte de São Paulo
Motorista embriagado atropela cadeirante em rua na zona norte de São Paulo - Reprodução/TV Globo
Martha Alves
São Paulo

​Uma mulher cadeirante morreu, e um homem ficou ferido após serem atropelados por um carro, na região de Santana, zona norte de São Paulo, por volta das 18h30 deste domingo (22).

O homem empurrava a cadeira de rodas da mulher na rua Santa Eulália quando foram atingidos pelo veículo. A cadeirante foi arremessada e bateu a cabeça na guia, e o homem teve fraturas nas pernas e no braço.

Os dois foram levados pelos bombeiros ao pronto-socorro do Hospital do Mandaqui, onde a mulher morreu. O homem permanece internado, e o estado de saúde dele não foi informado.

O motorista, identificado como Leandro Nichel, permaneceu no local do acidente, mas, ao ser submetido ao teste do bafômetro, foi constatado que estava embriagado. Em audiência de custódia realizada na tarde desta segunda-feira (23) no Fórum Criminal da Barra Funda, no centro da capital, a juíza Helena Furtado de Albuquerque Cavalcanti converteu a prisão em flagrante de Nichel em preventiva.

A prisão preventiva não tem prazo máximo definido e pode ser decretada pelo juiz em qualquer fase do inquérito ou da ação penal.

O advogado de Nichel, Willey Fontanelle Marinato, foi procurado pela Folha, mas disse que não vai se manifestar sobre a situação de seu cliente neste momento.

Acidentes com motoristas bêbados são rotina em São Paulo. No dia 6, por exemplo, um motociclista morreu após ser atingido por um carro no Morumbi. O motorista tinha 0,87 mg/l de álcool no sangue. Acima de 0,3 mg/l, a pena pode ser de seis meses a três anos de prisão.

​Em 11 de junho, um ciclista de 15 anos morreu após ser atropelado por um motorista embriagado na avenida Atlântica, na zona sul. No dia 2, um garoto de seis anos morreu também após um atropelamento por motorista alcoolizado.

Especial da Folha realizado há dois anos levantou casos emblemáticos de mortes no trânsito e mostrou que a impunidade neste campo ainda é alta. Levantamento em dezembro apontou que, cada vez mais, motoristas recusam o teste do bafômetro para escapar da prisão. Em abril, a Lei Seca ficou mais rigorosa, com aumento das penas. 

De janeiro a junho, na cidade de São Paulo, 416 pessoas morreram em acidentes de trânsito, segundo dados do Infosiga, sistema de monitoramento de vítimas fatais no trânsito do Governo do Estado. Destas ocorrências, 84% foram em vias municipais.

Dos quatro anos em que o monitoramento é feito, no entanto, 2018 é até o momento o com menor índice de mortalidade. Em 2015, 599 pessoas tinham morrido nos primeiros seis meses. O ano seguinte apresentou uma queda sensível de 21%, com 476 mortes no primeiro semestre.

O número de mortos no período permaneceu estável em 2017, com 1% de alta (482 mortos). Os 416 deste ano são o número mais baixo na série história e representam queda de 14%. ​

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CRONOLOGIA

19.jun.2008
Lei Seca é promulgada em todo o país e aumenta rigor para motoristas que dirigem sob efeito de álcool e drogas

20.dez.2012
Multa para quem é flagrado dirigindo bêbado aumenta de R$ 958 para R$ 1.915

8.fev.2013
Detran-SP lança o programa Direção Segura, que intensificou a fiscalização de embriaguez

6.dez.2014
Recusa ao teste passa a ser considerada infração gravíssima

1º.nov.2016
Multa para quem se recusa a fazer o bafômetro aumenta de R$ 1.915 para R$ 2.934

19.dez.2017
Presidente Temer sanciona lei com penas mais rígidas para quem causar morte ou lesão grave dirigindo bêbado

19.abr.2018
Essas punições passam a valer

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