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Número de mortes por gripe em SP já é maior que o de 2017

Até o fim de junho, 206 pessoas morreram por complicações da doença; veja como se prevenir

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Mulher toma vacina contra a gripe em São Paulo - Adriana Toffetti / A7 Press / Agência O Globo
Luciano Cavenagui
São Paulo | Agora

São Paulo O número de mortes por gripe neste ano no estado de São Paulo já ultrapassou o total registrado em 2017 inteiro. Foram 206 mortes até 23 de junho, contra 200 em todo ano passado, de acordo com o CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), órgão da Secretaria Estadual da Saúde.

O cenário acompanha a explosão dos casos graves. Foram 1.184 pessoas infectadas entre janeiro e junho deste ano, sendo que em 2017 inteiro houve 1.021 casos.

Apesar do aumento, os números ainda são bastante inferiores aos registrados de janeiro a junho de 2016 (3.134 casos e 554 mortes). 

“A cada ano o vírus pode vir com uma intensidade diferente e com mutações diversas. Em 2017, foi uma temporada mais tímida, voltando com mais força em 2018”, afirmou  Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

A capital também acompanha o panorama de preocupação com a doença, de acordo com último balanço da Secretaria Municipal da Saúde, gestão Covas (PSDB).

Até o dia 17, foram confirmadas 59 mortes por gripe na cidade. No mesmo período de 2017, 22 pessoas morreram, um aumento de 168%. No intervalo similar entre os anos, houve um crescimento grande dos casos, saltando de 205 no ano passado para 702 em 2018.

Segundo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, a cobertura vacinal do estado ficou em 86,1% neste ano —a meta era atingir 90% do público alvo.

A secretaria estadual, da gestão Márcio França, alegou que atingiu o patamar considerando o total de vacinados, mas reconheceu a baixa adesão entre gestantes e crianças, justificando assim a diferença entre os índices.

Um dos grupos prioritários para tomar a vacina são crianças entre seis meses e cinco anos de idade. Preocupada com o aumento da gripe neste ano, a autônoma Daniele Cristina, 21 anos, levou seu filho Bernardo, de um ano e cinco meses, para receber a vacina no mesmo posto da prefeitura.

“Os bebês são muito frágeis e precisam tomar o quanto antes essa vacina. Tem gente que não gosta, mas é a melhor maneira para se proteger contra a doença”, afirmou Daniele.

Segundo o perfil de mortes verificadas neste ano no estado, 40% das vítimas tinham 60 anos ou mais. Problemas crônicos e fatores de risco influenciaram em 67% das mortes.

Abaixo, tire suas dúvidas sobre a vacinação e sobre a gripe.

 

A VACINAÇÃO

Como posso me vacinar contra a gripe?
Na rede privada, o preço da dose varia entre R$ 80 e R$ 160. Na rede pública, a campanha foi encerrada, apesar de ter alcançado apenas 86% do público alvo (a meta era 90%).

Quem deve tomar a vacina?
O ideal é que todos acima de seis meses de idade tomem a vacina, mas alguns grupos correm mais risco de desenvolver complicações da doença. 

Quais são os grupos de risco da gripe?
Crianças de seis meses a cinco anos, idosos, professores e profissionais da saúde (redes pública e particular), grávidas, mulheres que tiveram filhos há até 45 dias, presidiários, funcionários do sistema prisional, indígenas e pessoas com doenças crônicas (diabetes, asma, câncer) ou condições clínicas especiais (respiratórias, cardíacas, renais, hepáticas, neurológicas, diabéticos, obesos, imunossuprimidos, transplantados).

Quem tem direito à vacina na rede pública?
As pessoas que fazem parte do grupo de risco.

Quem não pode tomar a vacina?
Bebês menores de seis meses e quem já teve reações anafiláticas em aplicações anteriores. Quem teve a síndrome de Guillain-Barré ou tem reações alérgicas graves a ovo —a vacina contém traços de proteínas do alimento— também deve ter cautela.

Quantas doses preciso tomar?
É recomendada uma dose por ano, porque as cepas do vírus mudam. Crianças de seis meses a nove anos que estão recebendo a vacina pela primeira vez devem tomar uma segunda dose, com intervalo de 30 dias entre elas.

Se eu já tiver pegado a gripe, ainda preciso tomar a vacina?
Precisa. O tempo de imunização após a infecção é mais prolongado que o da vacina, porém não é possível prevê-lo porque ele varia bastante.

A vacina protege contra quais vírus?
A vacina dada na rede pública é a trivalente, contra as gripes A (H1N1), A (H3N2) e um tipo da B. Na rede privada também é oferecida a quadrivalente —que protege contra mais um tipo da B.

Ela "vale" por quanto tempo?
Ela demora de duas a quatro semanas para começar a fazer efeito e é útil por 6 a 12 meses, uma “temporada” do vírus.

Ela é 100% eficiente?
Não, a eficácia varia. Em pessoas não idosas e saudáveis, gira em torno de 70%, mas cai dependendo da faixa etária e de outros fatores, como presença de infecções e doenças crônicas. Para prevenir mortes, porém, a eficiência sobe para 85%, segundo o pediatra e infectologista Renato Kfouri.

Quem toma a vacina tem chances de ficar gripado como “reação”?
Não. O máximo que pode acontecer são dores locais (10% a 20% dos casos), febre baixa, dor no corpo e mal-estar (menos de 1%).

Posso tomar as vacinas da gripe e da febre amarela no mesmo dia?
Sim. Segundo Renato Kfouri, é inclusive uma ótima oportunidade de colocar as vacinas em dia.

A GRIPE

Devo ir ao hospital assim que sentir um dos sintomas da gripe?
Nem sempre. Pode ser que seja apenas um resfriado. Ir a um pronto-socorro ou a um consultório médico pode expor a pessoa, que já está com a imunidade baixa, a microorganismos e fazer com que ela contraia a gripe ou outras doenças.

Qual o período de maior incidência da doença?
Durante a temporada de frio, entre abril e outubro —principalmente no mês de junho, segundo o Ministério da Saúde.

Há um surto neste ano?
É difícil dizer, uma vez que apenas os casos graves, que resultam em complicações, são de notificação obrigatória. Em relação a eles, o número de fato aumentou, em comparação com 2017. Até o início de junho, foram contabilizados 2.715 casos e 446 mortes. No ano passado, no mesmo período, eram 1.502 casos e 99 mortes. Especialistas, no entanto, afirmam que 2017 foi um ano atípico, com poucos registros. Se olharmos para 2016, veremos que os números são muito maiores do que os  que temos hoje: entre janeiro e junho, foram 6.097 casos e 1.103 mortes.

O vírus H3N2, principal responsável por um surto de gripe atualmente nos Estados Unidos, também pode causar uma epidemia no Brasil?
É pouco provável. A vacina que será aplicada na rede pública foi adaptada para ser mais eficiente contra o H3N2. Até junho, o número registrado de casos desse tipo do vírus foi bem menor (341) do que no mesmo período de 2017 (1.113). 

Como a gripe é transmitida?

  • Contato direto com o muco produzido pelo doente
  • Inalação das gotículas emitidas quando a pessoa espirra ou tosse
  • Contato com superfícies como mesas, maçanetas e talheres que tiveram contato com muco ou gotículas

Quais são os sintomas?
Febre alta, tosse, dor muscular, dor de cabeça, dor de garganta, coriza e irritação nos olhos e nos ouvidos.

Como me prevenir?

  • Tome a vacina; é o método mais eficaz de evitar a gripe
  • Lave sempre as mãos com água e sabão ou com álcool
  • Evite levar as mãos aos olhos, ao nariz e à boca
  • Cubra a boca quando for tossir ou espirrar

Como funciona o tratamento da gripe?

  • Repousar, beber muito líquido e evitar álcool e cigarro
  • Medicamentos como o paracetamol (Tylenol) podem ser usados para combater febre e dores
  • Em casos graves ou em grupos de risco, pode ser recomendado medicamento antiviral
  • Uso do Oseltamivir (Tamiflu), vendido com receita

Fontes: Ministério da Saúde, Secretaria da Saúde de SP e infectologistas Renato Kfouri, Rosana Richtmann, Isabella Ballalai e Carlos Kiffer

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