Pane de radares ainda afeta aeroportos de São Paulo

Companhias registram atrasos e cancelamentos em Guarulhos e Congonhas neste sábado (21)

São Paulo

​A instabilidade na visualização de radares nos aeroportos de São Paulo, que causou 107 cancelamentos de voos na sexta-feira (20), ainda provocou contratempos nos terminais neste sábado (21). 

No aeroporto de Guarulhos, foram registrados 154 atrasos (24% dos 651 voos previstos) e 13 cancelamentos até as 21h. Segundo a assessoria do aeroporto, a falha ocorrida na sexta gerou reflexos na operação, mas a situação começou a se normalizar no início da tarde. Às 22h30, nove voos estavam atrasados —seis de partida e três de chegada.

Movimento no aeroporto de Congonhas após pane que causou atraso em voos
Movimento no aeroporto de Congonhas após pane que causou atraso em voos - Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress

O aeroporto de Congonhas registrou 35 atrasos em voos neste sábado (até as 21h), o que representa 18,6% das 188 decolagens previstas. Entretanto, nenhum voo foi cancelado. No início da noite, apenas dois voos estavam atrasados. Já em Viracopos, em Campinas, a situação foi regularizada e não havia atraso ou cancelamento até o fim da manhã.

Falhas

As instabilidades aconteceram às 23h30 de quinta-feira (19), às 4h30 e às 10h30 de sexta (20) e atingiram toda a APP-SP, que é a Área de Controle Terminal de São Paulo, ou seja, o principal ponto de conexões de voos do país. 

O problema foi provocado por questões ligadas à energia elétrica, segundo a Aeronáutica, que controla os sistemas de radares aéreos usados nos aeroportos. O abastecimento de energia elétrica foi normalizado às 12h.

O caso tem sido visto com preocupação pelas empresas aéreas, que estão calculando os prejuízos desta sexta. Durante a greve dos caminhoneiros, a Azul anunciou perdas em torno de R$ 50 milhões. Na Latam o registro foi de US$ 13 milhões (R$ 49 milhões) pelos dias de estradas paradas. Além dos prejuízos à malha aérea, as empresas têm custos com os passageiros em solo, como hospedagem e remarcação de viagens.

Internamente, as empresas avaliam o caso como alarmante porque se trata de uma infraestrutura básica e envolve a segurança dos voos. Executivos das linhas aéreas listaram outros problemas semelhantes que aconteceram recentemente e consideraram insuficiente a resposta da Aeronáutica, que tratou a questão como um caso pontual.

Há menos de um mês, a Abear (associação das empresas do setor) divulgou nota comentando sobre outro problema elétrico na alimentação do sistema de radares do controle de tráfego aéreo de São Paulo —que, em junho, foi responsável por atrasar e cancelar dezenas de voos nos aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Campinas (Viracopos).

Segundo a Abear, os radares servem para fornecer informações de localização, altitude, velocidade, direção de deslocamento e meteorologia, ou seja, “informam precisamente ao piloto e ao controle de tráfego a posição de uma aeronave no espaço aéreo”.

Em maio, houve um outro caso que ficou mal explicado na percepção de membros de companhias aéreas. Ele voltou a ser comentado pelas empresas nesta sexta-feira.

Na ocasião, o chamado ILS (Instrument Landing System), o sistema de aproximação para pouso de precisão, do aeroporto de Guarulhos, apresentou falhas e precisou passar por avaliação.

Guia de voos do aeroporto de Congonhas, em dia de paralisação em SP
Guia de voos do aeroporto de Congonhas, em dia de paralisação em SP - Luiz Carlos Murauskas 3.fev.2016/Folhapress

Pilotos e engenheiros chegaram a cogitar, naquele momento, que poderia haver interferência magnética com sistemas dos trens da linha 13-jade da CPTM, entregue pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) para ligar a capital paulista ao aeroporto de Cumbica. Na época, CPTM, Aeronáutica e concessionária do aeroporto negaram a versão. O problema foi atribuído a um nevoeiro.

Procuradas para comentar a pane desta sexta, as assessorias de imprensa das companhias evitaram entrar em detalhes. Informaram apenas os números de voos perdidos e as orientações para que seus passageiros que tenham viagens marcadas de ou para São Paulo verifiquem a situação de seus voos antes de se dirigirem aos aeroportos.

Em nota, a Aeronáutica afirmou que o CGNA (Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea) adotou nesta sexta as medidas necessárias para regularizar o fluxo aéreo e que em nenhum momento a segurança foi comprometida.

As instabilidades, diz, “decorreram da transição do fornecimento de energia elétrica do abastecimento comercial para o do gerador próprio”.

Uma das medidas adotadas foi a ampliação do horário das operações dos aeroportos Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP) nesta sexta.

Segundo a Aeronáutica, não há relação entre o fato desta sexta, envolvendo o fornecimento de energia elétrica, com a instabilidade de 16 de junho, quando uma das placas de telecomunicações precisou ser substituída.

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