PCC planejou curso de bomba e 'bondes de guerra', diz Promotoria

Denúncia contra 75 suspeitos diz que facção criminosa articulou ataques

São Paulo

Integrantes do PCC, facção criminosa nascida nos presídios paulistas, planejavam a criação de um time de bandidos, chamados de “bondes de guerra”, para realizar ataques pelo Brasil e, ainda, ministrar cursos a comparsas de como se montam bombas.

Os planos são mencionados pelo Ministério Público Estadual em denúncia apresentada na quinta-feira (5) contra 75 suspeitos de integrarem a facção criminosa para a prática de crimes. A acusação, antecipada pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi obtida nesta sexta-feira (6) pela Folha.

A investigação, segundo a Promotoria, teve início após a apreensão pela Administração Penitenciária de bilhetes que integrantes da cúpula da facção, presos em Presidente Venceslau (SP), tentavam dispensar pelo vaso sanitário.

Os criminosos não sabiam, porém, que o setor de inteligência do presídio havia colocado redes no sistema de esgoto para interceptar os bilhetes com mensagens que deveriam ser levadas para fora do presídio por meio de visitas.

Em uma das mensagens anexadas na denúncia há menção à formação de um time de criminosos escolhidos a dedo para, “quando solicitados”, irem até os estados para “praticar atentados contra agentes públicos”. 

“Dessa forma, os criminosos que são radicados no estado onde o atentado foi praticado não participam da execução do crime, mas fornecem todos os dados do alvo”, diz trecho da denúncia.

Com a utilização desse time, argumenta o Ministério Público, a facção pretendia eficácia nas ações e dificultar a investigação da polícia local.

O documento da Promotoria não deixa claro, porém, se o time chegou a ser montado e se ele participou de alguma das dezenas de mortes atribuída ao grupo criminoso nessa investigação, batizada de Echelon (do grego escalão).

Outra acusação do Ministério Público é o suposto treinamento de integrantes da facção criminosa para a implantação de bombas. Um dos bilhetes interceptados diz que alguns “irmãos” de outros estados estariam indo para São Paulo para terem aulas de como se montam bombas.

Também não há informação no documento se o curso chegou a ser ministrado, mas a Promotoria acredita que sim em razão da quantidade de ataques a carros fortes e a empresas de valores pelo país e até fora dele.

A denúncia contra suspeitos de participação no PCC diz ainda que algumas manifestações realizadas pelo país contra o sistema prisional foram financiadas pela facção.

O documento cita um dos criminosos que ficou encarregado “de cooptar pessoas para a lotação dos ônibus, locação e pagamentos dos transportes”. Uma das manifestações citadas reuniu 1.200 pessoas em Brasília em janeiro de 2017.

A maioria das 75 pessoas denunciadas (51 delas) já estava presa, mas, mesmo assim, continuava a participar ativamente de crimes, incluindo tráfico de drogas e de armas, além de assassinatos, de acordo com a Promotoria. Além de brigas entre rivais, o documento cita agentes mortos por ordem deles.

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